Empresas

Engie monitora oportunidades e aguarda leilão de reserva de capacidade de 2024

A Engie Brasil Energia está monitorando "todas as oportunidades de contratar energia em longo prazo", incluindo o esperado leilão de reserva de capacidade previsto para 2024, disse Eduardo Takamori, diretor financeiro da companhia. Em teleconferência para comentar os resultados da companhia no terceiro trimestre do ano, Takamori reafirmou o mantra da companhia de que "sempre busca maximizar retorno ao acionista e reduzir risco de recontratação", mas evitou cravar uma posição da participação da empresa no futuro certame.

Engie monitora oportunidades e aguarda leilão de reserva de capacidade de 2024

A Engie Brasil Energia está monitorando “todas as oportunidades de contratar energia em longo prazo”, incluindo o esperado leilão de reserva de capacidade previsto para 2024, disse Eduardo Takamori, diretor financeiro da companhia.

Em teleconferência para comentar os resultados da companhia no terceiro trimestre do ano, Takamori reafirmou o mantra da companhia de que “sempre busca maximizar retorno ao acionista e reduzir risco de recontratação”, mas evitou cravar uma posição da participação da empresa no futuro certame.

O primeiro e único leilão de reserva de capacidade, realizado em 2021, foi restrito à fonte termelétrica, e o setor hídrico defende que as usinas com reservatório também possam participar – o que é o caso de ativos da Engie.

A companhia pode ampliar a potência das usinas Salto Santiago, de 1.420 MW, no rio Iguaçu (PR), que tem em sua estrutura dois poços para receber turbinas de 355 MW cada, elevando a capacidade a 2.130 MW. 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE Minuto Mega Minuto Mega

No caso da hidrelétrica de Jaguara, no rio Grande (MG), também dois poços para receber duas novas máquinas de 106 MW cada, elevando a capacidade total de de 424 MW para 636 MW de potência instalada. 

>> Engie e Andritz firmam acordo para modernizar UHE Jaguara

“Estamos constantemente avaliando o ‘economics’ desses dois projetos”, disse Takamori.

Questionado sobre qual deve ser a contratação desse leilão de reserva de capacidade, o executivo afirmou que falta capacidade futura, mas os modelos atualmente não estão suficientemente desenvolvidos para simular a carga futura a ser atendida com a geração existente, o que dificulta projeções de demanda. Ele lembrou que o país tem visto restrições de transmissão e de geração nuclear, por exemplo, que têm levado ao acionamento de termelétricas complementares.

Sobre a volatilidade futura dos preços de energia, Takamori brincou que “é mais fácil acertar na loteria do que responder com precisão”, já que o sistema têm visto descolamentos inesperados de preços de energia no mercado de curto prazo, e o início do período chuvoso agora em novembro aumenta essas incertezas.

Novos projetos

Com os preços de energia relativamente baixos no longo prazo, a Engie reduziu o apetite de expansão de contratos no mercado livre, mas ainda busca nichos de mercado para viabilizar a expansão.

“Continuamos desenvolvendo diversos projetos, mas a questão é que começar um projeto do zero requer contratação de energia no longo prazo para reduzir o risco de mercado, e esse nao é um momento bom para o processo de contratação”, explicou Takamori.

Na semana passada, a Engie anunciou a aquisição de cerca de cinco usinas solares fotovoltaicas da Atlas Renováveis, com mais de 500 MW de potência. Segundo o executivo, a oportunidade era boa em termos do retorno dos projetos, que têm contratos de longo prazo com preços atrativos, além de terem sinergia com os ativos operacionais da Engie localizados nas mesmas regiões.

>> Engie paga R$ 3,2 bi e leva parques solares fotovoltaicos operacionais da Atlas

>> Venda de parques reforça atratividade do mercado brasileiro para sócios da Atlas

Abertura do mercado

O executivo da Engie comentou também sobre o processo de abertura do mercado livre de energia para baixa tensão, em discussão arrastada no Congresso por meio do Projeto de Lei (PL) 414, que foi aprovado pelo Senado e está parado na Câmara há mais de dois anos.

Recentemente, o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Efrain Cruz, falou em fazer um “reset” do setor elétrico. “Esse ‘reset’ do setor pode ser uma expressão genética, e pode convergir com temas do 414”, disse Takamori. Segundo ele, as discussões legislativas devem avançar com a abertura do mercado, a redução dos subsídios para a geração distribuída, e a correção da questão da autoprodução.

“Contamos com esse aprimoramento regulatório que certamente vai fazer com que o Brasil consiga se apropriar da posição super competitiva em geração renovável e consiga materializar isso em criação de valor para a sociedade”, disse.

Transmissao e o RBSE

Outra aposta da Engie está na revisão pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) dos valores pagos pelos usuários da rede de transmissão às transmissoras nas indenizações por ativos antigos que tiveram as concessões renovadas nos termos da Medida Provisória (MP) 579, convertida na Lei 12.783 de 2013.

Conhecidas pela sigla RBSE, de Rede Básica Sistema Existente, as indenizações estão sendo pagas desde 2017, mas tiveram os valores questionados por geradores e consumidores, que alegam erro de cálculo pela Aneel.

O suposto erro chegou a ser discutido na Aneel, mas o processo foi suspenso, e não voltou a ser deliberado pela diretoria da agência até o momento.

>> Aneel deve voltar a discutir processo sobre recálculo do RBSE

A Engie estima que, se o pleito for acatado, cerca de R$ 8 bilhões em valores que foram pagos a maior devem ser devolvidos. “Estamos na esperança que esse assunto seja deliberado em breve e tenhamos o reembolso proporcional como usuários da rede”, disse Takamori.

Resultados

No terceiro trimestre deste ano, a Engie teve lucro líquido de R$ 867 milhões, aumento de 18,1% na comparação com o mesmo período do ano anterior. A receita operacional líquida caiu 8,5%, a R$ 2,5 bilhões. O resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado para eventos não recorrentes cresceu 23,5%, a R$ 1,76 bilhão.

Matéria bloqueada. Assine para ler!
Escolha uma opção de assinatura.