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Com sobreoferta de energia, Engie aposta em M&A em geração e em transmissão para crescer no Brasil

A Engie Brasil projeta investimentos de R$ 14 bilhões até 2025 tendo no setor de transmissão e nas parcerias ou aquisições (M&A) no setor de geração possibilidades para crescer nos próximos anos. Segundo Eduardo Sattamini, diretor-presidente e de Relações com Investidores da companhia, ambos os setores devem ajudar a empresa a lidar com o cenário de sobreoferta de energia e que tem dificultado o desenvolvimento de projetos greenfields.

Com sobreoferta de energia, Engie aposta em M&A em geração e em transmissão para crescer no Brasil

Recentemente, a elétrica adquiriu cinco parques de geração solar fotovoltaica da Atlas Renewable no Brasil, somando 545 MW em operação, por cerca de R$ 3,24 bilhões.

De acordo com Guilherme Ferrari, diretor de Novos Negócios, Estratégia e Inovação da Engie, que definiu a compra como uma “oportunidade que se encaixou” na estratégia, a aquisição foi guiada pelo retorno dos projetos, que possuem contratos de longo prazo, um benefício frente ao preço baixo da energia.

A empresa também considera a possibilidade de agregar valor ao projeto por meio de otimizações e melhorias nas operações, além de crescer no mercado de geração solar, visto o aumento da competitividade da fonte e a sua evolução tecnológica, o que pode ajudar a baratear os equipamentos do setor.  

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“Ou seja, estamos olhando para bons ativos, com possibilidade de melhoria, com bons preços, e com retorno acima do nosso custo de capital, o que possibilita sinergias com os nossos ativos. [No caso da Atlas] refletiu um crescimento da nossa plataforma de solar, a gente tinha algo em torno de 250 MW, agora temos cerca de 550 MW e isso nos habilita também para agregar [o complexo solar] Assu Sol que virá com 800 MW aproximadamente. Até então, [a fonte solar] não era a mais competitiva do mercado e, hoje, ela tende a ser a mais competitiva do mercado”, ressaltou Sattamini durante evento da companhia para comemorar os 25 anos de listagem na B3, a bolsa do Brasil.  

>> Venda de parques reforça atratividade do mercado brasileiro para sócios da Atlas

No início de novembro, Eduardo Takamori, diretor Financeiro da companhia, havia informado que a Engie está monitorando “todas as oportunidades de contratar energia em longo prazo“, ao passo que segue desenvolvendo diversos projetos, mas que esse não é um “momento bom” para o processo de contratação. 

Transmissão  

Outro setor que pode auxiliar o crescimento da companhia nos próximos anos é o de transmissão. Segundo Sattamini, a Engie está estudando lotes do leilão de transmissão de março de 2024 e prevê “nível de competitividade razoável”, mas que possibilite retornos que sejam compatíveis com o risco da atividade de construção e operação de linha de transmissão. 

“Se a gente não tiver a possibilidade [de expansão], porque tem excesso de oferta, ou a gente vai, eventualmente e oportunisticamente, fazer aquisições no M&A ou a gente vai fazer investimento em linha de transmissão, desde que sejam projetos rentáveis e a competição seja saudável”, disse o diretor-presidente. 

O executivo afirmou ainda que a companhia pode participar do certame sozinha, já que dispõe de um balanço para isso.  

>> Leilão de transmissão de 2024 traz exigência de balanço auditável para habilitação.  

Sobre o leilão de transmissão de dezembro, Maurício Bähr, presidente do Conselho de Administração da companhia, afirmou que a companhia não participará, dada a tecnologia de corrente contínua. 

“Estamos em processo de início de construção da linha que ganhamos no último leilão e precisamos nos preparar para o leilão do início do ano que vem, pois ele tem uma diversidade maior de linhas e com oportunidades mais interessantes ao nosso ver, destacou.  

Em relação ao leilão de reserva de capacidade do próximo ano, o presidente do Conselho destacou que a participação de duas usinas de 1 GW de potência dependerá do regramento do certame.  

Mercado Livre de Energia 

Outra vertente da sua estratégia de crescimento é a área destinada a abertura do mercado livre, baseada na diversificação de clientes, com diferentes segmentos econômicos. Atualmente, o ambiente de contratação livre (ACL) responde por 63% do portfólio da companhia.  

“Boa parte desse crescimento é em função ou reflexo da abertura de mercado, [a partir de janeiro de 2024]. Hoje temos contratos até 2026 e 2027, e temos espaço para capturar oportunidades na abertura”, afirma Gabriel Mann, diretor de Comercialização. 

Apesar do bom cenário para a comercializadora da Engie, o executivo ressalta questões da abertura do mercado, entre elas a troca do sistema de medição, que demandaria um investimento em torno de R$ 200 mil por parte do cliente para adequação.  

“Por que não adotar o mesmo sistema de medição que ele tem hoje? Então, esse tipo de situação inviabiliza o processo de migração do ponto de vista econômico. Não tem como investir R$ 200 mil para ter uma economia que não vai chegar a esse valor”, relata. 

Complementando a fala de Mann, o diretor-presidente verbalizou que essa situação precisa ter mais atenção do regulador e do governo, ou até mesmo do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). 

Gás  

No setor de gás, a TAG, subsidiária da Engie, seguirá três grandes diretrizes para realizar novos investimentos. A primeira delas busca viabilizar a conexão de novos agentes na companhia para que se chegue a um sistema principal.  

“E o investimento nessa conexão a gente alavanca em cima de contratos bilaterais de longo prazo. O agente interessado em se conectar, avaliamos o investimento necessário para aquela conexão específica e estabelecemos um contrato bilateral”, explica Ovidio Quintana, diretor Comercial e Regulatório da TAG.  

A segunda diretriz estabelece uma otimização da rede para aumentar a movimentação de gás entre as regiões Nordeste e Sudeste e mais opções de troca entre os agentes para comprarem de “cardápios diversos”. 

Por último, Quintana elenca os investimentos mais robustos da companhia, destacando o Nordestão, um reforço da malha de gasodutos no Nordeste que precisa ser viabilizado por meio de contratos âncoras e leilões de capacidade incremental.