A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, voltou a defender o fim de combustíveis fósseis, a bioeconomia e o pagamento por serviços ecossistêmicos em painéis do Fórum Econômico Mundial, que acontece em Davos, na Suíça.
“Estamos há 31 anos fazendo debate sobre mudança do clima. Mas todos sabemos, desde o relatório Nosso Futuro Comum, que o principal problema é o combustível fóssil. Temos que fazer uma transição com produtores e consumidores de petróleo”, disse a ministra em painel nesta segunda-feira, 16 de janeiro. O relatório a que Marina se refere também é conhecido como Relatório Brundtland e foi publicado em 1987 pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento da Organização das Nações Unidas.
Apesar de advogar pelo fim dos combustíveis fósseis, Marina Silva reconheceu que no Brasil a política de exploração de petróleo e gás cabe ao Conselho Nacional de Pesquisa Energética (CNPE).
“No caso da Foz do Amazonas, negamos a licença por duas vezes, uma em 2018 e outra na minha gestão, por razões ambientais, e não por dizer ‘não se pode explorar petróleo no Brasil’, porque essa decisão não é do Ministério do Meio Ambiente, é do CNPE. O que tenho defendido é que as empresas de petróleo devem se transformar o mais rápido possível em empresas de produção de energia”, disse a ministra.
Segundo ela, o Brasil pode colaborar com a transição para energia renovável não apenas para consumo próprio, mas também para a matriz energética de outros planetas por meio do hidrogênio verde.
Pagamento por serviços ecossistêmicos
Em painéis nesta terça-feira e quarta-feira, dias 16 e 17 de janeiro, Marina Silva também comentou sobre o pagamento de serviços ecossistêmicos prestados pelo meio ambiente. Segundo a ministra, o Brasil vai usar a oportunidade de liderança do G20 em 2024 para trabalhar pelo pagamento por serviços ecossistêmicos, “que são fundamentais para o planeta”.
Como exemplo, Marina mencionou que a Amazônia libera 10 bilhões de toneladas de água por dia para a atmosfera, abastecendo o regime de chuvas “ao qual está relacionado 75% do PIB da América do Sul”.
A ministra também defendeu a bioeconomia, que seria baseada em “produtos e materiais feitos a partir de nossa biodiversidade”, além do reconhecimento dos serviços ecossistêmicos.
Segundo Marina, já existe conhecimento técnico e científico para isso. “O que falta é o compromisso ético de usar essa tecnologia, o conhecimento já produzido pela ciência, fazer política pública com base em ciência e conhecimento milenar das populações tradicionais”, disse.
Assim, a ministra mencionou a mobilização de recursos públicos e privados para viabilizar a bioeconomia. “O sistema financeiro tem que se reinventar para dar conta dos ativos ambientais do planeta e fazer o alinhamento com as decisões estratégicas que tomamos”, disse.