Óleo e Gás

Com petróleo mais baixo, lucro da Petrobras cai 33% em 2023, a R$ 124,6 bilhões

Com o preço do petróleo tipo Brent mais baixo em 2023 e margens mais apertadas, o lucro da Petrobras caiu 33% em 2023, somando R$ 124,6 bilhões. No último trimestre, o lucro líquido foi de R$ 31 bilhões, uma redução de 28,4%. A melhoria ao longo do ano se deu por uma recuperação nas margens e maiores volumes de óleo exportados, segundo a empresa.

Prova de mar do Navio Celso Furtado em mar aberto a alguns quilômetros do rio de janeiro.
Prova de mar do Navio Celso Furtado em mar aberto a alguns quilômetros do rio de janeiro.

Com o preço do petróleo tipo Brent mais baixo em 2023 e margens mais apertadas, o lucro da Petrobras caiu 33% em 2023, somando R$ 124,6 bilhões. No último trimestre, o lucro líquido foi de R$ 31 bilhões, uma redução de 28,4%. A melhoria ao longo do ano se deu por uma recuperação nas margens e maiores volumes de óleo exportados, segundo a empresa.

O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado foi de R$ 66,8 bilhões no trimestre, com queda de 8,5% em relação ao quarto trimestre de 2022. No período, a Petrobras reporta maiores despesas com abandono, compensadas por maior margem nos derivados e maiores volumes de óleo. No ano, Ebitda ajustado foi de R$ 262,2, uma redução de 23% na comparação com 2022 em função do menor preço do Brent e menores margens de derivados, compensados em parte pelo maior volume de óleo exportado.

A companhia fechou o ano com dívida líquida de US$ 44,69 bilhões, um aumento de 7,7% em relação a 2022.

O preço médio do Brent no trimestre foi de US$ 84 por barril, uma queda de 5,3% em relação ao quarto trimestre de 2022. No ano, o preço médio foi de US$ 82,6, queda de 18,4% na comparação com 2022.

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Receitas

No total, a receita da empresa atingiu R$ 124,2 bilhões de reais no trimestre, com queda de 15,3% na comparação anual. Segundo a empresa, o efeito se explica pela queda no preço do Brent e por crack spreads de derivados, especialmente do diesel. Estes efeitos foram parcialmente mitigados pelo aumento do volume de petróleo comercializado. No ano, a receita foi de R$ 512 bilhões, uma redução de 20,2%.

A receita de derivados de petróleo no mercado interno somou R$ 79,7 bilhões no trimestre, uma redução de 19,6% em relação ao mesmo período do ano anterior. Deste total, R$ 43 bi vieram da venda de diesel, o que representa 54% da receita.

Em gás natural, a maior concorrência em função da abertura do mercado interno e o menor consumo industrial levaram a uma redução de 37% na receita da Petrobras com o produto, somando R$ 6,5 bilhões no trimestre. No ano, a queda foi de 28,9%, num total de R$ 28,1 milhões. O setor térmico também teve menor demanda por conta das melhores condições hidrológicas no país. Além disso, a desvalorização do brent provocou menores preços no mercado de gás, o que impactou a receita.

A energia elétrica produzida pela Petrobras somou venda de R$ 1,1 bilhão no trimestre, um aumento de 45,5% em relação ao quarto trimestre de 2022. No ano, entretanto, o balanço foi de redução de 9,9%, a R$ 3,2 bilhões.

No trimestre, os preços dos derivados básicos no mercado interno tiveram média de R$ 516,7 por barril, o que significa redução de 16,8% em relação aos preços do mesmo período de 2022. No ano, a média foi de R$ 505,20, queda de 20,1%.

As exportações de petróleo, óleo combustível, outros derivados de petróleo e outros produtos, somados às vendas das unidades internacionais, tiveram receita de R$ 36,9 bilhões no trimestre, uma queda de 4,4% na comparação com o período em 2022.

Em petróleo para o mercado interno, a receita total atingiu R$ 7,3 bilhões no trimestre, um aumento de 6,9%. No ano, o total foi de R$ 27,3 bilhões, o que representa uma queda de 31%. Segundo a Petrobras, esta redução decorreu do menor preço do brent e dos menores volumes de vendas para a Acelen, que gerencia a Refinaria de Mataripe, na Bahia, comprada da Petrobras em 2021. Há um conflito entre a estatal e a Acelen, que acusa a Petrobras de vender mais caro o petróleo a refinarias privadas. Em paralelo, ao longo de 2023, as empresas anunciaram parcerias, inclusive com estudo para que a estatal volte a ter participação na Refinaria de Mataripe.

Investimentos menores que o previsto

O investimento da Petrobras no quarto trimestre aumentou 23,7%, a US$ 3,5 bilhões. No ano, o montante foi de US$ 12,6 bilhões, que representam um aumento de 28,7%.

Apesar disso, o volume investido em 2023 foi 21% abaixo do esperado no plano estratégico 2023-2027. Segundo a empresa, isso ocorreu por fatores como indisponibilidade de sondas e materiais e pela postergação de poços exploratórios por falta de licenciamento ambiental. Em maio de 2023, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) negou o licenciamento ambiental para que a Petrobras perfurasse na chamada Foz do Amazonas, na Margem Equatorial. Desde então, Ibama e Petrobras vêm travando uma disputa sobre o início das atividades na região. A Petrobras alega já ter cumprido todas as determinações para a obtenção da licença.

A área de exploração e produção recebeu 81,1% dos investimentos em 2023. O aumento nos investimentos ocorreu, segundo a Petrobras, por maiores gastos em grandes projetos do pré-sal, em especial nos novos sistemas de produção do campo de Búzios e na revitalização do campo de Marlim, além de maiores investimentos em paradas programadas do refino.

Sem dividendos extraordinários

A companhia pretende fazer uma distribuição de dividendos equivalente a R$ 14,2 bilhões, totalizando R$ 72,4 bilhões em distribuições no exercício de 2023, quando somados dividendos antecipados ao longo do ano e ajustados pela Selic. Não há previsão de dividendos extraordinários.

A Petrobras informou que a distribuição apresentada está alinhada à nova política de remuneração aos acionistas, que prevê distribuição de 45% do caixa livre em caso de endividamento bruto igual ou inferior ao nível máximo definido no plano estratégico em vigor (atualmente US$ 65 bilhões). A proposta será votada em Assembleia Geral Ordinária, agendada para 25 de abril. As ações da companhia registravam queda em torno de 10% nesta manhã.

No relatório de resultados, o presidente da estatal, Jean Paul Prates, comentou que a política de dividendos considera maiores investimentos e a “absoluta necessidade” de manter a saúde financeira da companhia. Em entrevista à Bloomberg no final de fevereiro, Prates já havia adiantado que a Petrobras seria mais “cautelosa” na distribuição de dividendos, em função do processo de transição energética da empresa.