A Petrobras já tramita internamente quatro projetos de eólicas offshore, para que a empresa esteja com análises avançadas quando o primeiro leilão de cessão de áreas para a geração no mar ocorrer. Além disso, a estatal está trazendo dois aerogeradores “entre os maiores disponíveis” para implementar até 2029 como projetos de pesquisa e desenvolvimento (P&D).
As informações foram dadas pelo diretor de Transição Energética e Sustentabilidade da empresa, Mauricio Tolmasquim, durante o evento Brazil Offshore Wind Summit, nesta terça-feira, 26 de março, no Rio de Janeiro.
Entre os projetos comerciais avaliados, dois estão localizados no Nordeste, um no Sudeste e um no Sul. Em 2023, a Petrobras protocolou junto ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) dez projetos de eólicas offshore, sendo sete no Nordeste, duas no Sudeste e uma no Sul, no Rio Grande do Sul. Além disso, a empresa tem parceria com a Equinor para outros 14,5 GW em sete projetos de eólicas offshore.
“Estamos desenvolvendo junto à governança da Petrobras, como se fôssemos fazer o leilão e desenvolver o projeto. Estamos fazendo toda a tramitação para que na hora que sair o leilão a gente esteja preparado”, disse Tolmasquim. Segundo ele, a perspectiva é que estes projetos poderiam estar operacionais por volta de 2029, dependendo da data em que o leilão ocorra.
Até lá, para ganhar experiência, a estatal planeja trazer dois aerogeradores via projeto de P&D. O objetivo é trazer equipamentos da maior potência possível, dependendo da disponibilidade dos fornecedores.
Os aerogeradores deverão ser instalados no Rio Grande do Norte e no Porto do Açu. O primeiro deles deve estar operacional até 2029. “Mas eu estou lutando para ser antes, porque eu estou achando que está muito longo”, disse Tolmasquim a jornalistas.
Transmissão é dilema de “ovo ou galinha”, mas não deve ser instalado pelo gerador
Durante o painel, Mauricio Tolmasquim também comentou sobre os gargalos para o avanço da eólica offshore no Brasil. Um deles seria a rede de transmissão.
“No setor elétrico, não tem nenhum caso de gerador que tem que investir na rede básica. O gerador é responsável por conectar sua planta até a rede básica, mas a rede é planejada pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e pelo Operador Nacional do Sistema (ONS) e vai para leilão. Assim deve continuar, não dá para criar um mecanismo específico para eólicas offshore”, defendeu.
Além disso, o diretor avalia ser um desafio o planejamento da infraestrutura de transmissão, já que o planejador não tem total visibilidade sobre quais projetos serão, de fato, construídos, enquanto os empreendedores também precisam saber se haverá rede para avançar com os investimentos. “É o problema do ovo e da galinha. Não posso construir o parque sem saber que haverá uma linha, e o planejador não quer construir uma linha se não houver um parque lá”, disse.
Já em relação a infraestrutura portuária, o diretor da Petrobras acredita que não é necessária a construção de novos portos, mas avalia ser necessário investimentos nos portos já existentes.
Outro ponto de atenção é a cadeia de suprimentos. “Há uma disputa muito grande pelos barcos que transportam as [torres] eólicas. Algumas coisas virão de fora, mas outras coisas têm de ser feitas aqui”, disse Tolmasquim.