Biocombustíveis

Brasil poderá substituir 70% da demanda de diesel por biometano, diz CBIE

Com grande produção agrícola, o Brasil poderá liderar o setor mundial de biometano, já que a produção do biocombustível no campo é mais barata do que em aterros sanitários. O biometano também deverá ficar mais barato no país ao longo da década, com preços equiparados aos do gás natural e mais competitivos do que os do diesel. As avaliações são do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), que divulgou perspectivas para o setor de energia na última quarta-feira, 3 de abril.

Brasil poderá substituir 70% da demanda de diesel por biometano, diz CBIE

Com grande produção agrícola, o Brasil poderá liderar o setor mundial de biometano, já que a produção do biocombustível no campo é mais barata do que em aterros sanitários. O biometano também deverá ficar mais barato no país ao longo da década, com preços equiparados aos do gás natural e mais competitivos do que os do diesel. As avaliações são do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), que divulgou perspectivas para o setor de energia na última quarta-feira, 3 de abril.

Segundo o sócio do CBIE Advisory, Bruno Pascon, atualmente 74% do biometano no Brasil é produzido em aterro sanitário, com tecnologia mais cara, mas 95% do potencial brasileiro para o combustível estaria no agronegócio. No campo, a produção pode ocorrer a partir de subprodutos da atividade agropecuária e pela tecnologia de biodigestores, que é mais conhecida e barata.

Assim, quando a produção brasileira de biometano se deslocar para o campo, os custos de produção devem cair substancialmente, segundo os cálculos do CBIE. Pascon aponta que o preço do combustível, hoje, está entre US$ 14 e US$ 15 por milhão de BTU, superior ao do gás natural. Mas ao longo da década o combustível poderá baratear, ficando entre US$ 8 e US$ 9 por milhão de BTU a partir de 2026 – mais barato do que o preço projetado para o gás natural no país, calculado pelo CBIE na faixa de US$ 10 por milhão de BTU entre 2026 e 2028. “Obviamente, todo mundo vai optar pelo biometano, por ser verde”, avalia Pascon.

O preço biometano já compensaria na comparação com o diesel, de acordo com os cálculos do CBIE. Segundo Pascon, o atual preço do diesel, na casa dos R$ 6 por litro, é equivalente a US$ 26 por milhão de BTU. “O preço do diesel hoje é quase o dobro do preço do biometano. Então, o principal mercado que a gente enxerga no Brasil é cada vez mais trocar o diesel”, diz o executivo, que avalia que o país teria condição de trocar até 70% da demanda de diesel por biometano.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE Minuto Mega Minuto Mega

Preço do gás natural poderá cair 13,8% no Brasil

O CBIE avalia que, neste ano, o preço do gás no Brasil deve cair 13,8% em relação a 2023, para US$ 10,92 o milhão de BTU. Isso porque a pressão do mercado externo está controlada depois de um inverno brando e redução no consumo na Europa, enquanto no Brasil o baixo despacho térmico do último ano não pressionou o gás no curto prazo. No mercado europeu, a queda deve ser ainda maior: 38% em relação à média de preços de 2023.

Bruno Pascon avalia que o preço do gás natural no país poderia ser ainda mais baixo, inclusive sem paridade com a importação, caso houvesse mais infraestrutura de escoamento que reduzisse o percentual de gás reinjetado nos poços. “A gente poderia ser autossuficiente para abastecer o mercado doméstico”, avalia.

Segundo ele, o fato de o Brasil ter cerca de 80% de gás associado ao petróleo exige níveis maiores de reinjeção, mas a prática é exagerada no país por falta de infraestrutura. “Se você acompanhar outros países que têm gás associado, esse nível de reinjeção nunca ultrapassou 30% a 35% da produção total. E, no caso da Petrobras, ela está chegando a quase 60%”, avaliou.

De acordo com Pascon, além de a atual situação ser preocupante, a perspectiva de aumento na produção de gás poderá agravar o problema, pois a projeção é que a produção de gás no país dobre até 2033.

Para este ano, está prevista a inauguração do gasoduto Rota 3 pela Petrobras, com capacidade de escoamento de 18 milhões de m³ por dia e unidade de processamento de gás com capacidade de 21 milhões de m³ por dia. A Equinor também atua na infraestrutura do Projeto Raia, com escoamento de 16 milhões de m³ por dia.