A Enel, que tem enfrentado problemas na sua distribuidora em São Paulo e que passará por renovação da concessão em 2028, avalia ser necessária a criação de um incentivo específico para resiliência das redes no âmbito das renovações dos contratos de distribuição.
O presidente da Enel Brasil, Antonio Scala, considera que os atuais contratos foram pensados “há 30 anos” e definidos para um “bom nível de qualidade, sempre melhorando, mas em situações ordinárias” – cenário que teria se alterado com as mudanças climáticas e maior frequência de eventos extremos.
“Falta um elemento que vai criar um incentivo específico para fazer investimentos que apontam à resiliência, no sentido de fazer investimentos que não melhoram a qualidade no dia a dia e não baixam o custo do sistema, mas que permitem ter uma maior capacidade de enfrentar um evento severo quando ocorrer”, disse Scala a jornalista nesta sexta-feira, 5 de abril, durante a inauguração do complexo eólico Aroeira, no município de Umburana, no sertão baiano.
“Tecnicamente, é possível ter um sistema super resiliente, mas se vai chegar a um custo que depois não é sustentável de um ponto de vista econômico. Esse tipo de avaliação é correto que seja feita por parte da autoridade”, disse o italiano.
Medidas para melhoria da qualidade
Em relação ao atual contrato de distribuição em São Paulo, o executivo destaca que a Enel está dentro dos parâmetros contratuais para distribuidoras, mas reconhece que há espaço para a melhoria dos níveis de qualidade na distribuição. Para isso, a empresa vai destinar às suas distribuidoras cerca de 80% dos R$ 18 bilhões previstos para investimentos entre 2024 e 2026.
“Começamos, sobretudo depois dos eventos do ano passado, uma série de atividades e de programas para melhorar o nível de qualidade”, disse Scala, em referência à interrupção no fornecimento ocorrida em novembro de 2023 e que deixou cerca de 2 milhões de consumidores sem energia.
Assim, a empresa definiu a mobilização de até quatro vezes no número de pessoal para o atendimento em situações de evento climático severo. Neste sentido, a capacidade de atendimento ao consumidor será duplicada, aproveitando mais os canais digitais para reduzir o tempo entre a falha e a comunicação do cliente.
Além disso, a Enel dobrou a inspeção preventiva das instalações “e, consequentemente, de manutenção preventiva”, disse o executivo. A companhia também pretende reduzir a terceirização do pessoal de atendimento.
*A jornalista viajou a convite da Enel para participar da inauguração do complexo eólico Aroeira