Entre um consumo de energia que cresceu menos de 70%, enquanto a capacidade instalada cresceu mais de 100%, uma forma de equilíbrio para a abundante oferta pode se dar pela neoindustrialização e descarbonização. A opinião foi compartilhada por executivos de empresas do setor durante o Fórum Brasileiro de Líderes em Energia, nesta quinta-feira, 11 de abril.
Segundo o diretor de Transição Energética e Sustentabilidade da Petrobras e ex-presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Mauricio Tolmasquim, “tem um excesso de oferta”, que poderia ser equilibrado, sobretudo em setores de difícil abatimento de emissões, com a substituição de combustíveis fósseis por hidrogênio verde.
No mesmo painel, o presidente da AES Brasil, Rogério Jorge, mencionou a descarbonização de setores como fertilizantes, siderurgia e metalurgia, que deve demandar muito hidrogênio. Jorge também mencionou a área de datacenters, que é eletrointensiva e tem crescido no país.
“Toda essa parte de inteligência artificial e cloud computing está gerando uma demanda gigantesca por capacidade de processamento que, na sua essência é MWh. Nós temos vários clientes desenvolvendo datacenters aqui. Eles precisam estar perto da carga. Não adianta fazer no Panamá, por causa da latência”, explicou Jorge.
Em outro painel do evento, o diretor-presidente da PSR Consultoria, Luiz Augusto Barroso, avaliou que o desenvolvimento da cadeia de hidrogênio não deve ocorrer no Brasil até a próxima década. Mas, até lá, o país poderia negociar acordos que assegurem o escoamento da produção quando ela acontecer.
“O Brasil deveria aproveitar a liderança do G20 para negociar, como país, a compra de contratos de hidrogênio por outros países para viabilizar uma produção, a partir da próxima década, com mercado comprador assegurado. Os líderes globais de hidrogênio estão dando PPAs de hidrogênio para países produtores e o Brasil pode capitalizar em cima disso”, disse.
Outro caminho geralmente apontado como puxador de carga, a eletrificação da frota também é vista com desconfiança por Barroso. Para ele, a demanda por veículos elétricos pode demorar a decolar, já que a falta de infraestrutura de abastecimento deve frear a doção destes veículos.
Apesar disso, Barroso vê caminhos para o aumento da carga a curto prazo no Brasil. Em sua avaliação, já é possível exportar energia elétrica antes do hidrogênio, com fornecimento para a Argentina e, de lá, também para o Chile. Barroso também avalia que a demanda por datacenters pode puxar a demanda no país.