Sustentabilidade

Faltam subsídios para novas tecnologias e Petrobras terá que correr riscos na transição, diz BNDES

Diante dos altos custos de novas tecnologias para a descarbonização, como hidrogênio verde e SAF (combustível sustentável de aviação, na sigla em inglês), a diretora de Infraestrutura, Transição Energética e Mudança Climática do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciana Costa, avalia que empresas de petróleo e gás precisam se expor mais a riscos.

Rio de Janeiro – Edifício sede do BNDES, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, no Centro do Rio. (Fernando Frazão/Agência Brasil)
Rio de Janeiro – Edifício sede do BNDES, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, no Centro do Rio. (Fernando Frazão/Agência Brasil)

Diante dos altos custos de novas tecnologias para a descarbonização, como hidrogênio verde e SAF (combustível sustentável de aviação, na sigla em inglês), a diretora de Infraestrutura, Transição Energética e Mudança Climática do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciana Costa, avalia que empresas de petróleo e gás precisam se expor mais a riscos.

Em sua avaliação, o setor de óleo e gás tem alta lucratividade e, por isso, há uma tendência de “se acomodar” e evitar riscos. “O acionista pressiona. Por isso que eu acho que essas empresas precisam mesmo ser pressionadas a investir em novas tecnologias de descarbonização”, declarou a executiva durante o seminário “Transição energética justa, inclusiva e equilibrada: caminhos para o setor de óleo e gás viabilizar a nova economia verde”, realizado nesta quarta-feira, 24 de abril, em Brasília.

Segundo Costa, o BNDES pode investir em tecnologias mais estabelecidas, como eletrificação e biometano, mas para rotas mais novas será preciso contar com outros investidores. “O Brasil não tem muito espaço fiscal para subsidiar novas tecnologias. Aí é onde [entram] as empresas. A Petrobras tem que se desafiar a correr mais risco em determinados setores”, disse. Ela também mencionou mercado de capitais e bancos comerciais como possíveis financiadores para os projetos.

A executiva informou que o BNDES já avaliou projetos de novas tecnologias e concluiu que não são economicamente viáveis. “Eles perdem dinheiro três, quatro, cinco anos, para depois começar a ganhar dinheiro”, disse. Mesmo assim, considerando a corrida global pela descarbonização, ela avalia ser necessário acelerar a transição energética. “A eólica offshore é caríssima, é um negócio que vai se materializar daqui a dez anos, mas é uma tecnologia superior à eólica onshore, e as tecnologias superiores tendem a se impor”, disse.