O consumo nacional de energia elétrica em março foi de 47,8 mil GWh, o que representa um aumento de 4,6% na comparação anual e é o maior consumo mensal já registrado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) desde o começo da série histórica, em 2004. O consumo acumulado em 12 meses foi de 540,5 mil GWh, uma alta de 5,6% na comparação com igual período anterior.
A classe residencial foi a que registrou o maior aumento na carga, a 9,1%. Apesar disso, o movimento representa uma desaceleração depois de cinco meses consecutivos de aumento de dois dígitos. No total, a demanda residencial foi de 15,6 mil GWh, maior valor da série histórica da EPE para a classe.
Todas as regiões apresentaram aumento no consumo residencial, com destaque para as regiões Centro-Oeste (+16,4%) e Norte (+14,3%). O Sudeste, que tem a maior carga absoluta, teve variação de 7,2%. Na avaliação estadual, todas as unidades apresentaram aumento, com exceção do Rio de Janeiro, que reduziu 4,8%. Os maiores crescimentos foram observados no Amapá (+33,9%), Mato Grosso do Sul (+29,6%) e Amazonas (+22,8%).
A tendência de alta é confirmada pelos números medidos pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), que informou que no primeiro trimestre do ano, o consumo de energia somou 72.416 MW médios, aumento de 5% na comparação anual, refletindo as temperaturas elevadas e a atividade mais intensa em setores como serviços, comércio e indústrias alimentícia e de bebidas.
Temperatura alta, mais consumidores e melhora na economia
Segundo a EPE, o maior consumo residencial em março foi puxado pelas altas temperaturas e clima mais seco. Além disso, houve crescimento no número de consumidores na base das distribuidoras e os indicadores de emprego e renda no país melhoraram, o que incentiva o consumo de energia.
O clima e as condições econômicas da população também influenciaram o consumo comercial, que cresceu 6% no ano, atingindo o valor recorde de 9,1 GWh. No grupo B (baixa tensão), o mês de fevereiro mais longo também pode ter influenciado o maior consumo, já que o faturamento ocorre em períodos de 30 dias e não necessariamente dentro do mês civil. Assim, parte dos consumidores de baixa tensão podem ter aumentado seus consumos pelo faturamento do dia a mais de fevereiro apenas no ciclo de leitura de março.
Na indústria, o mês de fevereiro mais longo não influencia, já que o faturamento do grupo A (alta tensão) segue o calendário civil. Na classe industrial, o consumo em março foi de 16,2 mil GWh, com aumento de 1,5% na comparação anual. As regiões Centro-Oeste (+6,0%), Nordeste (+3,1%) e Sudeste (+2,6%) elevaram seus consumos, enquanto Sul (-1,0%) e Norte (-3,5%) retraíram.
Entre os setores da indústria, o destaque foi para fabricação de produtos alimentícios (+90 GWh; +4,2%), produtos de borracha e material plástico (+41 GWh; +4,9%) e produtos de metal (+39 GWh; +11,7%). Por outro lado, houve retração nos segmentos de produtos têxteis (-24 GWh; -4,5%), extração de minerais metálicos (-7 GWh; 0,6%) e produtos químicos (-6 GWh; -0,4%).
Mercado livre em expansão
O mercado livre de energia respondeu por 40,3% do consumo nacional, com carga de 19,2 mil GWh, segundo a EPE. Houve crescimento de 6,3% no consumo e de 30% na base de consumidores. O Centro-Oeste foi a região que mais expandiu o consumo (+11,9%) e o Nordeste foi a que mais expandiu número de consumidores (+46,8%). O aumento no número de unidades consumidoras está em linha com as projeções da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) considerando que toda a alta tensão já pode migrar para o mercado livre.
Apesar das migrações, o mercado regulado também apresentou aumento no número de consumidores, com 1,8% a mais de conexões. Em março, as distribuidoras tiveram carga de 28,5 mil GWh, o que representa alta de 3,5% na comparação anual e 59,7% da demanda nacional. No mercado regulado, o Centro-Oeste registrou a maior expansão do consumo, com 9,1% de acréscimo, enquanto o Nordeste e o Norte tiveram o maior aumento no número de consumidores, a 2,2%.
Pelos números da CCEE, o consumo de energia no mercado livre no primeiro trimestre do ano cresceu 7,6%, a 26.431 MW médios, enquanto o mercado regulado teve alta de 3,5%, a 45.986 MW médios.