O que é: tipo de usina que utiliza energia térmica, a partir da queima de matéria orgânica de origem vegetal ou animal, para produzir energia elétrica. A biomassa pode ser produzida pelo aproveitamento de resíduos de processos agrícolas, tais como casca de arroz, bagaço de cana, ou decorrente de plantações específicas para este fim, como, por exemplo, cavaco de madeira (pellets). A biomassa também pode ser obtida do lixo residencial, também chamado de resíduo sólido urbano (RSU), e de processos industriais, como a lixívia, resíduo da produção de papel e celulose. A principal fonte de biomassa do país é o bagaço de cana-de-açúcar.
Como funciona: a queima da biomassa aquece uma caldeira com água, transformando a água em vapor. Sob alta pressão, o vapor movimenta uma turbina que, por sua vez, aciona um gerador, produzindo energia elétrica que pode ser injetada na rede elétrica. Depois, em paralelo, o vapor segue em baixa tensão para o condensador, que transforma o vapor em água novamente. A água é bombeada e enviada para a caldeira, para ser novamente aquecida. Se além da produção de energia elétrica, esse sistema também fornecer vapor em alta ou média pressão para utilização em processo industrial, ele é chamado de cogeração.
Histórico: a biomassa é utilizada para a produção de energia desde pré-história, considerando-se a utilização do fogo a partir da queima da lenha, para produzir calor (energia térmica) ou iluminação. Com a revolução industrial e o protagonismo do carvão no processo de geração de energia, a biomassa perdeu espaço na matriz de consumo primário de energia. Nas últimas décadas, porém, a fonte vem ganhando destaque, devido ao desenvolvimento de tecnologias a vapor e à característica renovável da biomassa – que resultam em maior produtividade e baixa emissão de gases do efeito estufa (GEE).
No Brasil, o bagaço de cana é utilizado pelas usinas de açúcar e álcool desde 1980. A partir da instituição o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa), pela Lei 10.438/2002, e colocado em prática a partir de 2004, a biomassa tornou-se mais relevante na matriz elétrica, especialmente no caso da indústria da cana, que passou a ter no bagaço um novo subproduto. Essa condição fez com que produtores de cana modernizassem e expandissem instalações de cogeração, a fim de vender excedentes de energia elétrica.
Em São Paulo, um dos principais estados produtores de cana-de-açúcar, o governo editou a lei 11.941/2002, que estabeleceu um cronograma de redução gradual da queima dos resíduos de cana e a erradicação dessa em áreas mecanizáveis em 2021 e em 2031 para áreas não mecanizáveis.
O governo também abriu espaço para usinas a biomassa nos leilões de energia, especialmente em leilões de energia de reserva (LER), de fontes alternativas (LFA) e nos leilões de energia nova para o mercado cativo. Além da cana, já foram negociados contratos de energia de usinas a pellets de eucalipto, capim elefante e lixívia.
É bom saber também: a mecanização da colheita da cana-de-açúcar e a restrição para a queima colocou a palha como combustível para geração de eletricidade, o que permite elevar a oferta de biomassa – e por consequência a produção de excedentes.
A vinhaça, resíduo gerado pela destilação da cana, também pode ser utilizada para a geração de energia, ao ser transformado em biogás, por meio de biodigestores.
Confira a Mega Base de Dados para consultar informações sobre a capacidade instalada termelétrica a biomassa no país.