O que é acumulação?
É o acúmulo sedimentar de material orgânico a ser utilizado como combustível fóssil, localizado em rocha reservatório porosa sob rochas seladoras em camadas do subsolo de bacias sedimentares. Acumulações de hidrocarbonetos, petróleo (óleo cru) e gás natural, são geradas em rochas formadoras sob condições específicas de pressão e isolamento em um processo de transformação orgânica que leva milhares de anos para se concluir.
A prospecção por acumulações de hidrocarbonetos e sua subsequente exploração e produção se constituem na base da indústria do óleo e gás.
Como funciona: para se prospectar uma acumulação, empresas especializadas se utilizam de técnicas geológicas, geoquímicas e geofísicas em regiões de bacias sedimentares. Entre as técnicas geológicas utilizadas estão os estudos de estratigrafia, paleogeografia e sedimentologia, para identificação da estrutura, textura, matéria e alterações da crosta terrestre. São gerados mapas geológicos com características do material subterrâneo, principalmente a permeabilidade e porosidade da rocha e outras características das camadas sedimentares. Os estudos geofísicos que fazem parte desta etapa são os métodos elétricos, gravimétricos, sônicos, sísmicos, magnéticos, de imagem e ressonância, para adquirir dados. O estudo sísmico é a metodologia principal e mais utilizada na prospecção, por gerar as informações mais relevantes sobre a área estudada.
Os estudos geoquímicos complementam a prospecção, identificando com base na composição química das águas e detritos de solo encontrados no local, a presença de gases e de matéria orgânica dissolvida. Após a conclusão destas etapas e tendo descoberto a presença de uma acumulação, empresas petrolíferas passam para a fase de exploração. Para explorar uma acumulação de hidrocarbonetos, é necessário utilizar equipamentos conhecidos como sondas de perfuração. O subsolo é perfurado pela aplicação de força e rotação de uma broca fixada na extremidade de uma coluna de perfuração do subsolo até alcançar a acumulação. Durante o processo, formam-se cascalhos que são removidos através da injeção de fluido de perfuração, conhecidos como lama, para escoamento dos detritos. A perfuração permite a produção controlada do petróleo e gás natural encontrado na acumulação, através da aplicação de pressão necessária dentro do poço.
Histórico: No final do século XIX, o combustível fóssil se tornou uma fonte de energia relevante, demandando décadas de intenso estudo de acumulações e desenvolvimento de técnicas de prospecção exploração e produção. Até meados do século XX, a maioria do óleo e gás produzido estava localizada sob a superfície da terra (onshore). O principal estudo sísmico realizado utilizava dinamite ou canhões de vibração na área da acumulação, e o som detectado por meio de geofones. Entre 1940 e 1950, a exploração sob a superfície do fundo do mar (offshore) avançou para áreas de águas profundas por meio de plataformas, inicialmente no Golfo do México, onde foi desenvolvida a tecnologia sísmica de utilizar canhões de ar comprimido com o som refletido capturado por hidrofones. Desde o final do século XX, são utilizadas tecnologias modernas com o uso de satélites e computadores e seus sistemas de posicionamento, possibilitando estudos sísmicos tridimensionais (3D) e de quatro dimensões (4D), fornecem informações mais precisas e em tempo real sobre as acumulações.
É bom saber também: as acumulações de hidrocarbonetos também são conhecidas por armadilhas ou trapas. A armadilha ideal deve apresentar rochas-reservatório adequadas, ou seja, porosidade entre 15% e 30%. O fator de permeabilidade das rochas determina as condições favoráveis para a migração do petróleo das rochas fonte para as rochas-reservatório e uma rocha selante adequada evita a fuga do petróleo para a superfície. Dependendo do tipo de compressão, temos acumulações diferentes.
As acumulações estruturais são a forma mais comum de acumulação de petróleo, que ocorre em regiões em que a crosta terrestre esteve sujeita a compressão horizontal por movimentos tectônicos. Já as acumulações estratigráficas ocorrem em regiões em que a crosta esteve sujeita a compressão vertical por movimentos compactacionais ou gravitacionais. Quando ocorrem ambos tipos de compressão temos as acumulações combinadas. A acumulação do tipo pré-sal é formada via um domo estrutural formado quando uma cama espessa de minerais evaporíticos (tais como o sal) encontra-se verticalmente em profundidade em torno de estratos de rocha. No Brasil, a descoberta de gigantescas acumulações sob a Camada do Pré-Sal nas bacias sedimentares offshore de Campos e Santos revolucionou a indústria petrolífera do país.