O que é: o óleo cru com alta densidade e viscosidade, alta gravidade específica, em geral com alto teor de enxofre (acima de 0,5%), e que flui com dificuldade em Condições Normais de Temperatura e Pressão (CNTP). Esta maior viscosidade e densidade torna a produção mais difícil e custosa para as petroleiras, sendo a única vantagem em termos de custos o fato de que muitos reservatórios de deste tipo de petróleo estarem mais próximas da superfície que o petróleo leve convencional. Para uma produção mais eficiente, diversos métodos de extração (produção com assistência de areia, vapor, ar) foram desenvolvidas e são utilizadas nos reservatórios deste tipo de petróleo.
O óleo pesado não é comercializado no mercado global como o tipo padrão de petróleo, não utilizando o benchmark do preço, como o West Texas Intermediate (WTI) dos Estados Unidos ou o Brent Blend do Mar do Norte na Europa. Menos demandado por refinarias de petróleo, que precisam ser adaptadas para receber e tratar este tipo de óleo pesado, principalmente para destilar produtos derivados de menor valor e demanda, como o óleo combustível, lubrificantes e asfalto, e pequena (ou nenhuma) parcela de derivados de maior valor comercial, como o propano e outros produtos químicos, nafta, gasolina, querosene e óleo diesel.
Como funciona: de acordo com o Instituto de Petróleo Americano (American Petroleum Institute – API), o padrão de densidade mais aceito mundialmente desde a década de 1920, o petróleo é classificado conforme sua densidade relativa à densidade da água, com a seguinte fórmula:
ºAPI = (141,5 ÷ densidade da amostra) – 131,5
Esta fórmula nos dá o grau API, ou °API, do óleo cru testado. O petróleo pesado é aquele que segundo a fórmula possui ºAPI inferior a 22°. Consequentemente, os petróleos leves e médios têm °API maior que 31°. O petróleo extra-pesado é aquele com grau API inferior a 10°, com densidade maior que a água, cujo grau API é exatamente 10°. O óleo cru pesado é inicialmente tratado nas refinarias com a separação do petróleo do gás natural e a retirada de água e outras impurezas, mas devido à maior contaminação tipicamente presente neste tipo de petróleo, o custo em energia é mais alto que do petróleo convencional. Após o tratamento inicial, o petróleo pesado é aquecido e enviado à torre de destilação atmosférica, também conhecida como destilação fracionada, onde são separados os derivados conforme seus pontos de ebulição, com as frações mais pesadas destiladas na parte inferior e as mais leves na parte superior. O processo é representado na figura abaixo:
Ocorre que dependendo da densidade inicial do óleo cru, se ele é leve ou pesado, as frações de cada tipo de derivado serão produzidas em maior ou menor quantidade, sendo que o óleo pesado produz mais derivados de alto ponto de ebulição como asfalto e óleo combustível enquanto o óleo leve produz mais querosene e gasolina, por exemplo. No caso do óleo pesado, as frações pesadas mais comuns de passam por um outro processo, conhecido como coqueamento retardado, em unidades de Coqueamento, para gerar o produto coque do petróleo que é usado, entre outros, na liga de ferro-gusa. No mercado global, os derivados mais leves são mais valiosos que os pesados.
É bom saber também: concentrações de enormes quantidades de petróleo pesado são encontradas na Venezuela, no vale do Orinoco, e no Canadá, nas areias betuminosas do Athabasca. Estas reservas já vêm sendo desenvolvidas e a produção nas áreas já é comercial desde a década de 1970. No Brasil, o petróleo pesado é produzido desde o início da história da indústria petrolífera doméstica, nos campos terrestres da Bacia do Recôncavo, na Bahia. Atualmente, muitos campos offshore brasileiros, no entanto, produzem petróleo do tipo médio ou mesmo leve.