Com uma matriz energética já renovável, a geração de energia a partir do biogás está estagnada nos últimos anos, e a produção de biometano comercializa cerca da metade do que produz, enquanto o restante é voltado para o autoconsumo. O desafio foi apresentado por Ludmilla Cabral, coordenadora de Relações Institucionais e Governamentais da Associação Brasileira do Biogás (Abiogás), durante audiência pública no Senado Federal que discutiu propostas para viabilizar o cumprimento das metas da recuperação energética de resíduos sólidos no Plano Nacional de Resíduos Sólidos (Planares).
“Temos quase 1 milhão de metros cúbicos por dia (m³/d) de biometano sendo produzidos e cerca de metade disso é comercializado. Ela [geração a partir do biogás] está em platô. Não teve muita evolução porque a matriz de energia elétrica já é renovável. Hoje, temos 885 plantas de biogás para geração de energia elétrica”, disse a representante da Abiogás.
Apesar da estagnação, a coordenadora afirmou que as empresas têm buscado utilizar o biometano, como no setor de transportes, com foco na descarbonização. No momento, a associação contabiliza seis plantas de biometano em operação comercial em 2024 e outras 21 plantas aguardando a aprovação da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para geração até 2029.
No mesmo horizonte, a entidade também foram mapeou 65 projetos para iniciarem a geração. Caso todos os projetos sejam viabilizados, a associação estima que 6,8 milhões m³/dia do energético devem estar disponíveis nos próximos cinco anos.
“Hoje, o nosso maior produtor de biometano é o setor de saneamento, mas o maior potencial está no agro. Se todo o resíduo fosse aproveitado, nós geraríamos 120 milhões m³/d. No momento, o consumo de gás natural do país é metade disso. Temos potencial de fazer o biometano chegar em lugares que o gás não chega”, destacou Cabral.
Matéria atualizada em 22 de maio, às 9h30, para melhor refletir as capacidades de geração a partir do biogás e a produção de biometano.