O compromisso para triplicar a capacidade de renováveis no mundo até 2030, firmado durante a 28ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP28) em 2023, atingiu apenas 12% do necessário, a 1,3 mil GW.
O dado consta no mais recente estudo da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) e indica que, apesar de os países não apresentarem projetos explícitos para alcançar a meta, as ambições dos governos vão muito além, correspondendo a quase 8 mil GW de capacidade renovável instalada global nos próximos sete anos.
Na análise individual, abrangendo quase 150 países, o levantamento indica que se os governos incluíssem todas as políticas, planos e estimativas existentes em compromissos e metas previstos para o ano que vem, elas refletiriam 70% do que é necessário para atingir a meta neste horizonte, chegando aos 11 mil GW globalmente.
“Na COP28, quase 200 países se comprometeram a triplicar a capacidade mundial de energia renovável nesta década, o que é uma das ações críticas para manter vivas as esperanças de limitar o aquecimento global a 1,5 °C. Este relatório deixa claro que a meta de triplicar é ambiciosa, mas atingível — embora somente se os governos transformarem rapidamente as promessas em planos de ação”, disse o diretor-executivo da IEA, Fatih Birol.
Segundo a agência internacional, mais países estão se voltando para energias renováveis, como a solar fotovoltaica e eólica, após uma queda acentuada nos custos na última década. O avanço tecnológico e os processos produtivos que levaram a uma economia de escala reduziram os custos das fontes em mais de 40%, ampliando a competitividade frente aos combustíveis fósseis.
As adições globais de capacidade renovável atingiram quase 560 GW em 2023, significando “um aumento sem precedentes de 64% em relação a 2022 e para o qual a China foi de longe o maior contribuinte”, diz trecho do estudo.
Enquanto os incrementos devem ser celebrados, a IEA aponta que o setor repete os mesmos desafios: demora no licenciamento ambiental de projetos; investimento inadequado em infraestrutura de rede; necessidade de integração renovável ao menor; e altos custos de financiamento, especialmente em economias emergentes e em desenvolvimento.
O relatório propõe ações direcionadas que os países podem tomar para lidar com esses obstáculos como, por exemplo, na redução dos custos de financiamento para melhorar a bancabilidade de projetos renováveis; visibilidade da política de longo prazo; apoio a projetos na fase de pré-desenvolvimento; redução de riscos de preço, inflação e taxa de câmbio.