O banco suíço UBS BB iniciou a cobertura das ações da Energisa com recomendação de compra para as units da empresa, ao preço-alvo de R$ 65, potencial de valorização de quase 40% em comparação com o preço de fechamento da última sexta-feira, de R$ 46,57.
Segundo os analistas Giuliano Ajeje, Gustavo Cunha e Henrique Simões, a aposta na valorização das ações da Energisa está relacionada à perspectiva de crescimento do faturamento da empresa nos próximos anos e à melhora constante do desempenho das suas distribuidoras.
Além disso, a Energisa está reduzindo seu endividamento, o que deve liberar espaço para um novo ciclo de crescimento por meio de aquisições ou pela intensificação dos investimentos nos ativos existentes.
Renovação das concessões: riscos X oportunidades
Embora o governo já tenha definido que a renovação das concessões das distribuidoras de energia que vencem nos próximos anos será de forma não onerosa, os eventos ainda implicam riscos para a Energisa, já que os novos contratos terão critérios mais rígidos de qualidade do serviço.
Por outro lado, o decreto do Ministério de Minas e Energia (MME) abre espaço para que os investimentos sejam reconhecidos na base de ativos regulatórios (RAB) de forma anual, o que pode impulsionar a capacidade de remuneração de capital da empresa e expandir sua geração de caixa.
O decreto também permite que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) limite a distribuição de dividendos caso critérios operacionais e financeiros não sejam atingidos, o que não deve afetar a Energisa, segundo o UBS BB, considerando o histórico da performance da companhia, que sempre supera os indicadores regulatórios.
Aposta em gás
No relatório, os analistas do UBS discutiram a aquisição da Infra Gás pela Energisa, que recebeu críticas mistas no mercado. A holding tem um acordo para comprar 51% da Norgás, fruto da cisão da Commit, e tem participações não controladoras da Cegás (CE), Copergás (PE), Algás (AL), Potigás (RN) e Sergas (SE).
Antes disso, a Energisa comprou o controle da ES Gás, o que marcou sua entrada no segmento de distribuição de gás.
Segundo o UBS BB, com a aquisição recente, a companhia se tornou uma sócia minoritária de governos estaduais nas distribuidoras de gás, com poder de tomada de decisão limitado, além de exposição às regras conflitantes entre cada estado, o que pode aumentar o risco regulatório e prejudicar a geração de caixa.
Ainda assim, os analistas enxergam potencial no negócio, já que o mercado de gás no país deve crescer nos próximos anos.