A Engie espera concluir o projeto Asa Branca, arrematado no leilão de transmissão de junho de 2023, com 24 meses de antecedência, mesmo com a paralisação de servidores de órgãos ambientais, como do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama).
O empreendimento Asa Branca irá percorrer aproximadamente 1.000 km pelos estados da Bahia, Minas Gerais e Espírito Santo, além da ampliação de cinco subestações já existentes. A instalação é um dos ativos considerados importantes para escoamento de eólicas e solares do Nordeste brasileiro para os principais centros de consumo.
“A gente tem uma expectativa de antecipação de mais de 24 meses, e até o momento essa expectativa está mantida, temos acompanhado de perto, temos um ótimo trabalho de apoio também, muitas interações com os órgãos licenciadores. Então, até o momento, apesar da nossa preocupação e cautela, estamos esperançosos que a gente consiga entregar dentro do nosso business plan, sem maiores atrasos”, explicou Eduardo Takamori, diretor Financeiro e de Relações com Investidores da Engie, durante teleconferência de resultados do segundo trimestre de 2024.
O trecho para cautela e que pode ter algum reflexo da greve do Ibama é o que atravessa a Bahia e o Espírito Santo. A empresa já possui as licenças de implantação e instalação e trabalha, simultaneamente, em outros trechos, que também permitem uma entrada ‘particionada’ em operação comercial.
Quanto ao próximo leilão de transmissão, a empresa diz ter total interesse, e que agora acompanha a saída de um dos lotes, que deve concentrar a atração dos investidores nos outros três.
“Mas faz parte do jogo, isso não altera significativamente a competição ou o cenário para esse próximo leilão. Transmissão de energia continua sendo um pilar de investimento da Engie, pelo investimento de operação da Engie no mundo, e não seria diferente aqui no Brasil, então continuamos interessados aqui, estamos trabalhando para fazer uma proposta, uma oferta competitiva no leilão”, completou Takamori.
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Engie vê curtailment como nova realidade do setor e fruto de subsídios alongados
Se inicialmente a Engie Brasil apostava numa recorrência do curtailment por restrições do sistema de transmissão ou no escoamento da geração do Nordeste para o centro da carga, hoje a empresa vê que a questão chegou para ficar em função da capacidade da carga em absorver toda a geração centralizada e distribuída. O curtailment é um termo utilizado pelo setor para a redução deliberada da geração das renováveis para equilibrar a oferta e a demanda, seja por falta de demanda, seja por gargalo de transmissão.
Resultados Engie
A companhia registrou lucro líquido de R$ 871 milhões no segundo trimestre de 2024, crescimento de 18,8% na comparação com o mesmo período de 2023.
Já a receita operacional líquida da Engie foi de R$ 2,82 bilhões, elevação de 7,4% na mesma base de relação. O Ebitda (sigla em inglês para Lucro Antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização) somou R$ 1,9 bilhão, alta de 8,6% na mesma base de relação.
Segundo a empresa, impactaram no desempenho a receita obtida pela indenização referente ao atraso na implantação do conjunto eólico Santo Agostinho, no valor de R$ 262 milhões.
Além disso, as transações de curto prazo realizadas no período e a redução do resultado de equivalência patrimonial em razão da alienação parcial da TAG também afetaram o resultado.
Venda energia
O preço médio dos contratos de venda de energia, líquido dos tributos sobre a receita e das operações de trading, foi de R$ 220,57/MWh no 2T24, valor 0,4% superior ao registrado na mesma etapa da fase anterior.
A quantidade de energia vendida no 2T24, sem considerar as operações de trading, foi de 8.864 GWh (4.058 MW médios), queda de 4,6%.
