A Scala Data Centers, empresa brasileira fundada pelo grupo de investimentos digitais DigitalBrigde, anunciou a implementação da Scala AI City, que será um “distrito industrial de data centers” na cidade de Eldorado, a cerca de 32 quilômetros de Porto Alegre. O empreendimento terá demanda inicial de 54 MW, podendo chegar a 4.750 MW. Toda a energia do projeto será renovável e certificada, segundo o governo gaúcho.
Nesta quarta-feira, 11 de setembro, a Scala e o governo do Rio Grande do Sul assinaram protocolo de intenções para viabilizar o projeto. “Com a assinatura do documento, o estado assume o compromisso de viabilizar a estrutura do ponto de vista governamental, criando o primeiro distrito industrial de data centers do país”, diz nota do governo estadual.
O presidente da Scala, Marcos Peigo, explicou que as condições de abastecimento elétrico da região foram um dos fatores que pesaram para a escolha do Rio Grande do Sul para receber o projeto. Segundo ele, a equipe da Scala mapeou cerca de 12 GW em transmissão subutilizados na região, que poderão alimentar os data centers eletrointensivos.
“Historicamente, os investimentos de infraestrutura foram feitos na região sul do país, deixando um legado de transmissão subutilizado, o que hoje é um problema, [pois] há um desbalanço na rede. Essa capacidade de transmissão pode ser utilizada para alimentar essa nova geração de data centers”, disse Peigo durante a cerimônia de assinatura do protocolo de intenções com o governo gaúcho.
Outro fator relevante foi o padrão climático da região, pois o clima ameno contribui para a eficiência energética do projeto. Segundo o executivo, em São Paulo, cerca de 0,35 kW são desperdiçados a cada 1 kW líquido consumido, enquanto no Rio Grande do Sul a proporção seria de 0,19 kW / 1 kW.
O governo do Rio Grande do Sul informou que o projeto utiliza o design FutureProof, permitindo a instalação de racks que suportam cargas de trabalho intensivas em treinamento de inteligência artificial, com capacidades crescentes e superiores a 150 kW, em contraste com os 20 kW ou menos voltados para outros usos. O sistema também prevê o uso de liquid cooling, um método de resfriamento por fluido refrigerante que oferece maior eficiência energética para esse tipo de aplicação.
Energia é utilizada para dar potência às máquinas e refrigerar equipamentos
O grande consumo projetado para a Scala AI City se explica pela demanda de data centers, sobretudo aqueles que processam sistemas de inteligência artificial. “Os data centers recebem a energia, oferecendo a ela o formato de potência para o funcionamento das máquinas e também consomem energia para refrigeração das máquinas”, explicou Peigo.
Segundo ele, o consumo de eletricidade por data centers deve crescer 33,1% na América Latina até 2029, quando deve atingir 5 TWh na região. O Brasil responde por mais de metade desta demanda.
Investimento inicial de R$ 3 bilhões
O investimento inicial da Scala Data Centers no projeto em Eldorado será de R$ 3 bilhões, “que se multiplicam para R$ 7 bilhões quando você considera o entorno, como construções e geração de energia”, segundo o presidente da companhia.
Quando o empreendimento estiver plenamente desenvolvido, Pleigo calcula que o investimento da Scala Data Centers será de US$ 50 bilhões, com investimento total de US$ 120 bilhões considerando atividades como geração de energia, fabricação e importação de componentes.
A “cidade de data centers” irá multiplicar por sete vezes a capacidade de processamento do estado do Rio Grande do Sul. Segundo Pleigo, além das condições de abastecimento elétrico, outras vantagens da região são a proximidade com o Cone Sul e a conexão com outros data centers no Rio Grande do Sul. O cabo submarino Malbec, que conecta São Paulo, Rio de Janeiro e Buenos Aires, na Argentina, passa pelo Rio Grande do Sul e também deverá ser conectado à Scala AI City.