A materialização do atual pipeline de projetos da indústria verde exigirá cerca de US$ 700 bilhões em investimentos e garantias de mercado, por meio de políticas que estimulem a demanda por produtos verdes e acordos de compra voluntária. A análise é do Acelerador de Transição Industrial (ITA, na sigla em inglês), iniciativa global apoiada pela ONU, pela presidência da COP 28 e pela Bloomberg Philanthropies, que busca descarbonização de setores industriais de alta emissão.
Segundo o levantamento, mais de 450 projetos de larga escala das indústrias pesadas de alumínio, cimento, produtos químicos, aço, aviação e navegação – responsáveis por quase 30% de todas as emissões globais de dióxido de carbono – procuram investimentos para começar a produzir “commodities verdes” até 2030, prazo para o cumprimento das metas do Acordo de Paris.
Para atingir as metas, os projetos precisam começar a sair do papel nos próximos dois a três anos, para que possam estar em operação em 2030, e o estudo em questão identificou 473 plantas industriais alinhadas com o net zero que poderão ser viabilizadas. Se os investimentos forem concretizados, e forem combinados aos projetos já operacionais ou cuja decisão de investir já foi tomada, eles podem ajudar no atingimento de cerca de 80% das metas de 2030.
Para alcançar este cenário, a iniciativa propõe políticas mais eficazes, padrões claros de produtos e mecanismos para facilitar a compra de produtos com baixo impacto de carbono, como aço verde e combustível sustentável de aviação (SAF).
“Precisamos incorporar estruturalmente a demanda em escala global para aproveitar a oportunidade à nossa frente hoje. A falta de demanda clara e sustentada por produtos de baixo carbono é a maior barreira para o investimento. Empresas e financiadores não podem se comprometer com esses projetos sem a certeza de que terão espaço no mercado. Ao impulsionar a adoção de políticas que estimulem a demanda verde, como mandatos, padrões de emissões incorporadas de carbono e precificação de carbono, podemos criar as condições para uma onda de investimentos”, disse Faustine Delasalle, diretora executiva da secretaria do ITA e CEO da Mission Possible Partnership, que conduziu o estudo para o ITA.
Indústria verde do Brasil
Em julho, o Brasil foi anunciado como primeiro país parceiro da iniciativa. Atualmente, existem15 projetos de descarbonização ligados a indústria, com um potencial de investimento total de US$ 33 bilhões no país, segundo o estudo.
A carteira consiste principalmente de projetos greenfield, que podem permitir ao Brasil expandir sua capacidade industrial, ao mesmo tempo em que evitam mais de 33 milhões de toneladas de emissões de CO2 equivalentes por ano.
“Os planos do Brasil demonstram como a transição para uma economia de baixo carbono pode impulsionar significativamente o crescimento. Para concretizar totalmente esses ganhos e desbloquear o investimento na produção industrial de baixo carbono, precisamos construir uma demanda crível em larga escala e credível para a produção verde. Para aproveitar o potencial da descarbonização industrial globalmente, os governos devem desenvolver políticas focadas na demanda que forneçam ao setor privado a certeza necessária para realizar investimentos de longo prazo”, disse Mark Carney, co-presidente do ITA.