Em agosto de 2024, o consumo industrial alcançou o maior nível da série histórica monitorada pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a 17.253 GWh, o que representa um aumento de 7% em relação a agosto de 2023. Este foi o segundo recorde consecutivo registrado pelo consumo industrial, que em julho alcançou 16.769 GWh após bater outros recordes ao longo do ano.
No mês, o consumo nacional de energia elétrica foi de 45.855 GWh, o que representa um aumento de 5,6% na comparação anual. Além da indústria, o tempo seco colaborou para a alta no consumo, que também cresceu nas classes residencial (+5,7%, a 13.745 GWh) e comercial (+3,2%, a 7.926 GWh).
Todos os subsistemas tiveram alta na carga: Norte a 9,9%; Sudeste/Centro-Oeste a 7,7%; Nordeste a 6,1% e Sul a 6%. Os sistemas isolados também cresceram 4,8% na comparação anual.
Consumo industrial
Na indústria, 31 dos 37 setores monitorados pela EPE apresentaram aumento na carga, com destaque para metalurgia (+271 GWh; +6,6%); fabricação de papel e celulose (+138 GWh; +17,2%) e extração de minerais metálicos (+132 GWh; +11,1%). Todos os dez setores mais eletrointensivos expandiram o consumo no período.
No setor de papel e celulose, contribuíram para a alta a inauguração de uma nova planta de celulose e a parada anual de manutenção de duas unidades autoprodutoras, que então elevaram seu consumo da rede. O setor também foi beneficiado pela expansão nas exportações, assim como a indústria de extração de minerais metálicos.
Residencial e comercial
Na classe residencial, o consumo atingiu 13.745 GWh em agosto de 2024, com aumento de 5,7% na base anual. Apesar da elevação do consumo, foi a menor taxa de variação desde agosto de 2023. Segundo a EPE, o aumento na carga está relacionado ao tempo seco, assim como à expansão no número de unidades consumidoras, que cresceu 1,4% no período.
Todas as regiões apresentaram taxas positivas de consumo residencial no mês: Sul a 13,2%; Norte a 6,8%; Nordeste a 5,0%; Centro-Oeste a 4,2% e Sudeste a 3,6%. Os estados com maior aumento foram Amapá, a 31,2%; Rio Grande do Sul a 20,2% e Paraíba a 14,4%.
No comércio, o consumo atingiu 7.926 GWh, com ampliação de 3,2% em comparação a agosto de 2023. A EPE avalia que o bom desempenho econômico do setor aliado ao tempo seco explica o crescimento.
ACL e ACR expandem
Em agosto, cresceram tanto a a energia negociada no ambiente de contratação livre (ACL, o mercado livre), quanto no ambiente de contratação regulada (ACR). No ACL, a carga atingiu 20.399 GWh, o que representou 44,5% do consumo e um crescimento de 12,3% na base anual. O número de consumidores livres aumentou 39,9% em relação a agosto de 2023, o que reflete a abertura do mercado livre a todos os clientes de média e alta tensão, iniciada em janeiro de 2024. O Nordeste foi a região que mais expandiu o consumo (+15,9%) e o número de consumidores livres (+62,8%).
No ACR, o consumo atingiu 25.456 GWh, o que representou 55,5% do consumo e um crescimento de 0,7% na comparação anual. No mercado regulado, o Sul registrou a maior expansão do consumo (+5,3%), enquanto o Nordeste teve a maior expansão do número de consumidores cativos (+2,8%).
Efeitos da recuperação após enchentes no Rio Grande do Sul
A EPE destaca ainda que o consumo no Rio Grande do Sul foi impactado pelos esforços de recuperação do estado após as enchentes de maio. O consumo no estado cresceu 11,6%, superior aos demais da região. A classe residencial apresentou consumo de 20,2% e a comercial cresceu 14,1% no consumo de eletricidade. Já a indústria gaúcha aumentou em 5,8% sua carga, crescendo pelo segundo mês consecutivo após retração em maio e junho.