O modelo de resposta da demanda provocou nesta terça-feira, 8 de outubro, uma redução de 260 MW no consumo de energia elétrica para suprimento no momento de ponta do sistema. Segundo a Associação Brasileira dos Grandes Consumidores de Energia (Abrace), o volume supera a oferta de redução voluntária anterior de 170 MW, registrado no dia 16 de setembro.
Em seu levantamento, a entidade aponta que, pela primeira vez no programa, ocorreu o despacho de um único agente em mais de um subsistema, com a Petrobras, reduzindo no total 33 MW, nos submercados Sul, Nordeste, Sudeste/Centro-Oeste.
Além da estatal, outros seis agentes realizaram ofertas nos três subsistemas, com destaque para a Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), com 60 MW, Klabin Papéis, com 45 MW, e Rima, com 38 MW.
Os preços das ofertas aceitas pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) variaram entre R$ 1.000/MWh e R$ 1.200/MWh, com programação entre os horários das 16h e 00h.
Na opinião da Abrace, cada vez mais o produto estrutural de resposta da demanda vem ganhando espaço e sendo ofertado por diversos consumidores, se transformando em uma ferramenta para auxiliar o ONS a encontrar um caminho mais seguro e sustentável para garantir a estabilidade das redes elétricas.
“A resposta da demanda é hoje uma alternativa importante para se evitar custos desnecessários e garantir segurança ao sistema elétrico quando o consumo está muito alto e o operador do sistema precisa buscar alternativas”, diz Paulo Pedrosa, presidente da Abrace Energia.
O que é a resposta da demanda?
O programa teve as regras aprimoradas em outubro de 2022 pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), quando se tornou um programa estrutural dentro do cardápio de opções que o ONS dispõe para a gestão dos recursos energéticos e a operação do Sistema Interligado Nacional (SIN). Em alguns momentos, pode ser mais vantajoso para o operador pagar para determinado consumidor deixar de usar a energia do que acionar uma fonte mais cara para suprir o sistema.
Em setembro deste ano, a Aneel aprovou a operacionalização de uma nova modalidade do programa de resposta da demanda, incluindo regras e procedimentos provisórios de processos competitivos que o operador nacional vai realizar para contratar a redução de demanda por parte de grandes consumidores.
A primeira rodada deve contratar ofertas de redução de demanda entre outubro de 2024 e janeiro de 2025, com quatro acionamentos mensais durante quatro horas. As ofertas poderão ser de 5 MW a 100 MW por submercado.
Racional do programa
A redução de consumo é feita em comparação com uma “linha base” de consumo, que é calculada na liquidação das operações do mercado de energia pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). Como há um descasamento de prazo, e a liquidação acontece dois meses depois do fechamento de cada mês, negócios que consigam ajustar a produção de forma sazonal podem se programar para usufruir do mecanismo sem necessariamente cortar a produção, usando uma base de comparação mais elevada, por exemplo.
A vantagem do programa não se limita ao recebimento do encargo do ONS, uma vez que os consumidores podem liquidar a energia contratada e não usada ao PLD. Assim, aproveitam os horários em que o preço fica mais alto durante o pico de consumo.
No programa, a oferta de redução de demanda é abatida do consumo total projetado pelo ONS, ajudando assim a reduzir o uso de fontes mais caras de energia.