Gás na Petrobras

Petrobras abaixa preço do gás e desenha novos contratos para distribuidoras

Queda nos preços de gás da Petrobras chegará a 17% em um ano

Funcionário da Petrobras em instalação de gás
Funcionário da Petrobras em instalação de gás | Petrobras

Em novembro, a Petrobras deverá reduzir o preço do gás em 1,41%, em função do câmbio e de alterações no preço do Brent. Assim, a redução nos preços de gás da estatal chegará a 17% em um ano. A informação veio do diretor de Transição Energética e Sustentabilidade da companhia, Mauricio Tolmasquim, em encontro com a imprensa nesta segunda-feira, 14 de outubro, na sede da estatal no Rio de Janeiro.

O diretor também informou que a Petrobras formatou novos modelos de fornecimento de gás para distribuidoras, considerando variáveis como flexibilidade, prazo, início de fornecimento, local de entrada e indexador de preço. As variáveis já eram adotadas pela companhia, mas as possibilidades de combinação agora passam de 20 para 48, segundo Tolmasquim.

Além disso, a estatal passará a adotar um novo prêmio de incentivo à demanda, em que há desconto de 10% no preço de referência caso a distribuidora supere seu compromisso mínimo de consumo.

No mercado livre de gás, a Petrobras já soma seis grandes clientes, entre eles as siderúrgicas CSN, Gerdau, Ternium e as térmicas Santa Cruz, da Eletrobras, e Araucária, da Âmbar. Um novo grande cliente iniciará o recebimento em 2025, segundo os diretores da Petrobras.

Complexo Boaventura, ex-Comperj e Gaslub, deve alcançar capacidade total de gás ainda em 2024

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Em setembro, a Petrobras inaugurou o Complexo de Energias Boaventura, antigo Comperj e Gaslub, mas a unidade de processamento de gás natural (UPGN) do ativo atualmente só processa metade da capacidade total de 21 milhões de m³ por dia. Segundo o diretor de Processos Industriais e Produtos da estatal, William França, a capacidade total deve ser atingida “até o fim de 2024”.

O processamento total no Complexo Boaventura deve ser atingido por meio de dois módulos na UPGN, mas atualmente a Petrobras só tem autorização da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para operar um destes módulos.

Ao conseguir operar o complexo em sua capacidade total, a Petrobras conseguirá avançar em sua proposta de aumentar a oferta de gás para o mercado interno. A presidente da estatal, Magda Chambriard, acredita que, com mais oferta de gás, o preço da molécula tende a cair. A visão é alinhada com a do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.

“Com um preço adequado de gás o mercado de gás brasileiro pode triplicar em termos de capacidade de absorção de gás”, disse Chambriard. Segundo ela, o gás mais barato pode ser rentável com escala, e por isso a Petrobras busca desenvolver o mercado de fertilizantes e petroquímico no país.

“Não queremos dar gás barato, queremos ganhar na escala e fazer dinheiro com esse mercado que é imenso e que é nosso. A gente não está querendo abrir mão de mercado para ninguém”, disse a executiva.

Estrutura deficitária

Chambriard também comentou desafios que a estatal tem enfrentado para ampliar a oferta de gás no mercado interno. “Foi uma surpresa encontrar algumas plataformas do campo de Búzios, por exemplo, já instaladas e em construção inclusive, sem a possibilidade de exportação de gás para a costa. A gente está remediando isso”, disse a executiva.

No Brasil, grande parte do gás está associado ao petróleo – ou seja, óleo e gás saem juntos dos poços. A situação faz com que a produção de óleo seja privilegiada, já que tem maior valor de mercado do que o gás.

Chambriard também voltou a declarar que a estatal está “revisitando poços que ficaram para trás” e que ainda podem ter potencial de produção de gás. Segundo ela, a situação ocorre na Bacia de Campos e no campo de Búzios, no pré-sal.

“Atingimos valores intoleráveis para plataformas”

Um dos ativos que pode aumentar a oferta de gás no mercado interno, o projeto Sergipe Águas Profundas (Seap), foi adiado mais uma vez por dificuldades na contratação da plataforma FPSO. A situação tem se repetido em outros projetos da companhia, como Barracuda-Caratinga.

“A gente tem recebido os valores realmente muito elevados”, reconheceu a diretora de Exploração e Produção, Sylvia dos Anjos.

Segundo Anjos, os valores podem se justificar para projetos de reservas novas, com muito a produzir, como o pré-sal. Mas inviabilizam projetos menores, como o da revitalização da Bacia de Campos – “o que a Petrobras de jeito nenhum cogita em fazer”, segundo a presidente da estatal, Magda Chambriard.

Por isso, a empresa estuda revitalizar plataformas antigas, que seriam destinadas ao descomissionamento. Segundo a estatal, há um grupo de estudos que avalia a possibilidade, e que deve dar seu parecer em até quatro meses. 

“O reaproveitamento de plataformas, faz parte desse esforço e do reconhecimento que atingimos valores intoleráveis em termos de preço de plataforma, principalmente plataformas com capacidades de 100, 120 mil barris por dia. Não é possível se pensar numa plataforma como o Seap 1 ou como o Seap 2, plataformas de míseros 100 mil barris por dia, beirando os US$ 4 bilhões”, disse Chambriard.