Eólicas

Aeris aposta na receita da divisão de serviços na espera de novos projetos

Aeris - Foto Tauan Alencar (MME)
Aeris - Foto Tauan Alencar (MME) | Aeris - Foto Tauan Alencar (MME)

A Aeris pretende aumentar o faturamento da área de serviços dos atuais 5% para algo em torno de 30% nos próximos cinco anos como uma forma de diversificação de portfólio e compensação de parte das receitas da fabricação de pás.  Em entrevista à MegaWhat durante o evento Brazil WindPower, Cássio Penna, vice-presidente de Serviços da Aeris Services Latam e Estados Unidos, destacou que a divisão existe na empresa desde 2013, porém passou a ser foco após estudo interno.

“Nós elaboramos um planejamento estratégico para a Aeris como um todo durante seis meses e ele trouxe várias atividades, iniciativas e projetos para que a gente consiga atingir este nível de potencial [30%] no mercado. No Brasil, temos uma vantagem competitiva grande em relação as outras empresas, pois temos mão de obra disponível, a engenharia, entre outros fatores competitivos para conquistar mais mercado” disse Pena.

Apesar dos parques serem relativamente novos no Brasil, o executivo explicou que como as turbinas são maiores e mais complexas, gerou alguns problemas, seja na questão de projeto ou manufatura.

“Outro ponto importante é que também estamos investindo na parte de O&M. Óbvio, o nosso forte é a manutenção de pás. Mas, estamos investindo bastante em O&M na parte de turbinas, com foco em pequenas manutenções, troca de pequenos equipamentos e manutenção de torres”, disse.

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A empresa também quer expandir para a América Latina, com foco na Argentina, no Chile – onde já prestou alguns serviços -, e no México. Segundo Cassio Pena, a atenção com a região latina é uma demanda de clientes.  

Para os Estados Unidos, onde a empresa começou com a área em 2018, o principal desafio é a mão de obra, tema que a Aeris tem estudado solucionar enviando profissionais brasileiros com vistos de trabalho.

“O mercado norte-americano tem 150 GW, cinco vezes mais potência do que o Brasil. Além disso, as turbinas do país são antigas, o que gera mais manutenção. Vários parques têm o Full Service Agreement, que já estão vencendo, e o fornecedor da turbina faz um acordo de O&M de dez anos, ou seja, alguns já venceram”, falou.

Em junho deste ano, José Azevedo, diretor Financeiro e de Relações com investidores da empresa, disse que, enquanto aguarda um crescimento na demanda, a Aeris foca na manutenção e no repowering, que envolve a substituição de turbinas ou componentes antigos de eólicas obsoletas, uma oportunidade de negócio ainda em expansão no mercado internacional. Na época, a fabricante estimava que a divisão especializada representaria entre 7% e 10% da receita da empresa.

Incentivos para exportação de eólicas

Durante o painel sobre o fortalecimento da cadeia de suprimentos da indústria do evento, Alexandre Negrão, CEO da companhia, falou sobre a falta de demanda no Brasil e a desmobilização do setor com a saída da Siemens e com a redução da produção de WEG, ao destacar que o país tem uma sobra de capacidade e precisa encontrar uma solução.

Para o executivo, os caminhos atuais, considerando a política de nacionalização, devem ir em direção do aumento da demanda ou para o incentivo a exportação. Negrão já havia falado sobre o estímulo a exportação em 2023, quando sugeriu que os incentivos para o setor fossem planejados e citou o retorno de subsídios passados, como exemplo, um dos pacotes relacionados à exportação entre 2018 e 2019, que tornava o transporte de materiais da cadeia “mais barato”, fazendo com que as empresas, como a Aeris, chegassem nos EUA mais competitivas.

“Vejo o governo mobilizado para ajudar, pois deseja uma indústria verde. Porém, não adianta tirar a demanda agora e voltar daqui cinco anos esperando uma indústria nacional, seja para importação ou exportação. Poucos países têm uma indústria forte como o Brasil e não podemos perder”, falou o CEO.

Negrão ainda ponderou questões relacionadas a mecanismo de compensação para ajudar na exportação, aumento de crédito tributário e falou do aumento do faturamento na aérea de serviços “para não depender tanto da volatilidade da pá”.

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