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Indústria eólica vê data centers como solução para 'crise profunda' no curto prazo

É preciso ações no curto prazo para “não dormir no ponto” e garantir a demanda dos próximos anos

Pás eólicas - GE (Divulgação)
Pás eólicas - GE (Divulgação) | Pás eólicas - GE (Divulgação)

O setor eólico precisa ingressar nas discussões no Senado Federal em torno do Projeto de Lei n° 2338, que dispõe sobre o uso da inteligência artificial (IA), na opinião de Henrique Petersen Paiva, diretor de Relações Governamentais e Sustentabilidade da Siemens Energy Latam. Para o executivo, a entrada do mercado no debate pode incrementar as discussões sobre a implementação de data centers, visto como um possível meio de crescimento de demanda energética no país.

Segundo o diretor da Siemens, o crescimento dessa indústria de inteligência artificial pode melhorar a crise de demanda no mercado eólico no curto prazo, porém é preciso entrar na “briga” para que os centros não fiquem restritos apenas no Sudeste no país.

“Por vezes não vislumbramos a legislação das operações no Brasil, mas a questão de tratamento de dados pode fazer com que esses data centers fiquem apenas no Sudeste. Deveríamos ajudar nossos colegas de IA e entrar nesta briga para que os data centers sejam implementadas em qualquer lugar do Brasil”, falou em um dos painéis do Brazil WindPower desta quarta-feira, 24 de outubro.

Henrique Paiva ainda avalia que essa é uma das ações no curto prazo para “não dormir no ponto” e garantir a demanda dos próximos cinco anos, que pode ser perdida com a migração do mercado para outras fontes.

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“Enquanto, surfamos nos leilões passados garantidos pelo governo, deveríamos ter o pensamento no longo prazo para tornar o Brasil uma plataforma de exportação para toda América, inclusive para os Estados Unidos, porém paramos neste ponto”, disse o executivo, que também defendeu mecanismo para exportação brasileira.

Exportação no setor eólico nacional

Segundo Élbia Gannoum, presidente executiva da Abeeólica, o setor eólico pensou e elaborou planos no passado, contudo questões políticas da época travaram os debates.

A alta tributação, dificuldades logísticas e questões relacionadas aos modelos de financiamento para projetos de exportação são os principais desafios para o setor brasileiro. De acordo com a executiva, formas de exportação já estão sendo estudadas.

“Estamos vivendo uma crise profunda no setor eólico. Temos crises na demanda, nos cortes de geração e sociais. Desde o ano passado estamos pensando em soluções e em como colocar a pauta de país. O Brasil precisa pensar no longo prazo e se colocar neste cenário de transição energética com chance de liderança”, disse.

Na opinião de Alexandre Negrão, CEO da Aeris Energy, os caminhos atuais do setor, considerando a política de nacionalização, devem ir em direção do aumento da demanda ou para o incentivo à exportação.

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Paulo Leonardo da Silva Sinoti, diretor de Negócio em Energia da WEG Brasil, apontou que a geração de demanda do mercado passará pelo hidrogênio, porém essa mesma demanda pode migrar para a geração mais competitiva, sendo necessário uma “atenção e um regulamentação para isso não se perpetuar”.

Para Roziel Santana, gerente de Compras da Goldwind, a competitividade do setor virá junto com a demanda, apontada como principal dificuldade do segmento.

“Precisamos criar um mecanismo de crescimento de demanda e exportação. Competitividade passa pela questão da demanda, não deixa nada desejar. Se tiver demanda, a competitividade vem junto”, afirmou Santana.

Outros pontos citados durante o painel, foram a exportação de produtos verdes, como o aço, e a possível liderança brasileira na transição energética.

Financiamento do mercado

Segundo Federico Bianchi, diretor Comercial da Nordex, a crise atual no mercado eólico pode trazer uma queda brusca no número de pedidos ao final deste ano, saindo de 5 GW nos últimos períodos para algo em torno de 200 MW. Para subir o volume, o executivo sugeriu melhorias em linhas de financiamento e políticas para elevar a exportação.

De acordo com o diretor, um dos problemas atuais do país é não ter uma linha de financiamento competitiva, de forma a aumentar a atratividade do mercado eólico em relação às demais soluções do mercado. O executivo acredita ainda que o mercado passará por dois anos desafiadores, com chance de melhoras no longo prazo, caso a demanda chegue.

“Estamos passando por uma crise forte. Serão 200 MW este ano, sendo que nós tivemos um mercado no passado de 5 GW. Porém, a pergunta é: quando a demanda vai chegar?  Estamos tentando entender como e quando o mercado vai voltar e, ao mesmo tempo, avaliando a implantação de novas tecnologias, que precisa de investimento e precisamos de certeza de meio e longo prazo”, diz Bianchi.

Em complemento, Paulo Leonardo da Silva Sinoti, diretor de Negócio em Energia da WEG Brasil, destacou que fazem dois anos desde a assinatura do último projeto eólico da empresa no Brasil. A empresa vê barreiras no mercado externo, mas ainda consegue realizar envios para outros países de outros equipamentos.

“Temos crise de demanda, que coloca um abismo na nossa frente, não existem projetos. A demanda está fluindo para a fonte mais competitiva. Quando falamos de financiamento é para renovável, mas é uma questão que precisamos ver, pois existe um desiquilíbrio no financiamento”, afirmou Sinoti.

O diretor Comercial da Nordex ainda defendeu a necessidade de medidas para favorecer o custo da fabricação local e a conta “fechar”. Uma das ações seria o Fundo Clima, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), para aumentar “a previsibilidade ao longo dos cinco anos”.

Entretanto, o executivo destaca que ainda falta uma previsibilidade dos recursos disponíveis no fundo para a fonte eólica.

“Para manter a cadeia de suprimento é preciso previsibilidade. Imagina não saber quando o BNDES vai deixar disponível para o projeto. […] Além disso, quando a demanda vier não sabemos o quanto perderemos para a solar. Precisamos continuar trabalhando em medidas mais urgentes e de longo prazo para continuar a cadeia”, falou.

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