Hidrogênio verde

Norueguesa assina pré-contrato de R$ 9 bi para planta de hidrogênio verde no Pecém

Ineep lança estudo sobre papel do hidrogênio e combustíveis sintéticos para navegação e aviação

Homem diante de tanque de hidrogênio
Hidrogênio - Crédito: Getty Images | Getty Images

O Governo do Ceará e a empresa norueguesa Fuella AS assinaram pré-contrato para instalação de uma planta industrial de hidrogênio verde na Zona de Processamento de Exportação (ZPE) do Porto do Pecém. O empreendimento prevê investimento de R$ 9 bilhões e a produção de 400 mil toneladas por ano da molécula verde.

A produção da planta deve ser transformada em amônia verde para exportação. A Fuella AS foi uma das sete vencedoras do primeiro leilão do Banco Europeu de Hidrogênio, realizado em abril deste ano, e já está construindo uma planta de hidrogênio verde na Europa. 

“Estamos convencidos que este é um dos melhores lugares no mundo para produzir amônia verde. Por isso, estamos muito orgulhosos e mal podemos esperar para começar os trabalhos e agradecemos por confiarem na gente”, declarou em nota o diretor-geral de Negócios e Desenvolvimento Corporativo da Fuella, Thorsten Helms.

Segundo o governador do Ceará, Elmano de Freitas, a construção da planta da Fuella AS deve começar em três anos. O acordo com a norueguesa se junta a outros pré-contratos para hidrogênio verde no Ceará, que somam estimativa de investimentos de US$ 24 bilhões. 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE Minuto Mega Minuto Mega

Em setembro, a Fuella AS assinou memorando de entendimento (MoU, na sigla em inglês) com a Prumo, para a implantação de uma planta de amônia verde no Porto do Açu, no Rio de Janeiro. O projeto terá potência de 520 MW e produção anual de 400 mil toneladas de amônia a partir de 2030.

Ineep divulga estudo sobre hidrogênio para descarbonização da aviação e navegação

O Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep) divulgou estudo elaborado pelo pesquisador e ex-presidente da Petrobras José Sergio Gabrielli sobre o papel do hidrogênio na descarbonização da aviação e da navegação.

O levantamento aponta que o país pode capturar oportunidades nestes setores com a rota eletrolítica do hidrogênio verde e seus derivados, como a amônia. Na análise de Gabrielli, o Brasil se encontra “ainda muito preso à situação atual de grande produtor de biocombustíveis”.

O pesquisador aponta que a tendência de grande crescimento na demanda por combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla em inglês), e que o combustível pode ser produzido pela rota inorgânica por meio de metanol, que utiliza hidrogênio em seu processo de produção.

Gabrielli também aponta que o grande consumo de energia renovável é um dos desafios para projetos de eletrólise, em função da intermitência das fontes. “Isso envolve a necessidade de algum tipo de armazenamento para compensar as flutuações e balancear as redes. Baterias, usos de fontes estabilizadas e de carregadores de energia são algumas alternativas”, indica o pesquisador.

O estudo do Ineep ainda avalia que, além do SAF, já há pesquisas sobre o uso de hidrogênio diretamente em novas aeronaves equipadas com sistemas de propulsão específicos. “Ainda que seja difícil sua utilização nas rotas mais longas, é mais provável a utilização direta do hidrogênio líquido para propulsão de aeronaves seja empregada nas rotas menores”, adianta Gabrielli.

Na navegação, o estudo indica que o preço da energia renovável é o principal fator para que os combustíveis sintéticos, como os produzidos a partir do hidrogênio, possam substituir outras rotas de descarbonização.

Em todos os casos, o incentivo governamental é fundamental para que os projetos de eletrólise e combustíveis possam avançar, já que as tecnologias ainda apresentam custo elevado.