Brava planeja M&As para focar nos ativos mais rentáveis e rever investimentos

Companhia, que é resultado da integração de negócios entre 3R Petroleum e Enauta, avalia que 90% do Ebitda vem de 20% do portfolio

Enauta_FPSO-Atlanta-em-rota-para-o-Brasil
FPSO Atlanta, da Brava Energia | Divulgação Enauta

A Brava Energia, companhia resultado da integração entre 3R Petroleum e Enauta concluída em agosto de 2024, já fechou o planejamento estratégico após a fusão e agora planeja executar uma revisão de portfólio. Segundo o presidente Décio Oddone, a companhia identificou que 90% do Ebitda (Lucros antes dos juros, tributos, depreciação e amortização) vem de cerca de 20% das concessões.

A operação deve ter como principal objetivo simplificar a atuação da companhia. “As entradas de recursos pelo desinvestimento de ativos menores são pouco significativas perto do todo”, disse o diretor Financeiro e de Relacionamento com investidores da Brava Energia, Rodrigo Pizarro. “Isso também libera a atenção das equipes, dá foco para o nosso time, reduz Opex [custos de operação], reduz Capex [investimentos], tem uma série de benefícios positivos que a gente vai buscar capturar”, complementou Décio Oddone nesta quinta-feira, 14 de novembro, em teleconferência de resultados do terceiro trimestre.

Os principais M&As (fusões e aquisições, na sigla em inglês) devem ocorrer no onshore. No midstream e downstream, a companhia olha mais para parcerias. “Existe uma discussão em curso com a PetroReconcavo para buscarmos sinergias na Bacia do Potiguar, especialmente no que tange toda a infraestrutura de gás disponível na Bacia e como essa parceria pode extrair valor para as duas companhias”, disse Pedro Medeiros, diretor de Novos Negócios, M&A, Mid&Downstream e Comercial da Brava.

Com a revisão de estratégia e portfolio, a companhia também está reavaliando novos investimentos. “Nós postergamos a decisão de investimento no campo de Oliva e desistimos da aquisição de Uruguá-Tambaú”, disse Oddone. A aquisição era negociada com a Petrobras e, agora, a Brava busca a extinção do acordo. O campo de Oliva, na Bacia de Campos, fazia parte do portfólio da Enauta e, assim, agora faz parte da Brava.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE Minuto Mega Minuto Mega

Já em relação ao campo de Parque das Conchas (BC-10), a Brava aguarda a liberação da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para concretizar a compra, que se realizada terá efeito desde julho de 2023.

Primeiro óleo de Atlanta “iminente”

A diretoria da empresa também comentou sobre o FPSO Atlanta, que chegou ao Brasil em maio de 2024. A empresa esperava ter o primeiro óleo em agosto, mas a operação padrão da ANP atrasou o cronograma. Agora, a agência deve fazer vistoria à plataforma no fim de novembro. Segundo a Brava, a autarquia deve checar o cumprimento de 19 condicionantes remanescentes, que estão “praticamente prontas”. Os executivos classificaram a entrada em operação da plataforma como “iminente”. A plataforma já tem as licenças ambientais.

Em Papa-Terra, a companhia planeja finalizar os trabalhos de revitalização do campo e aumentar o fator de recuperação do óleo – que, atualmente, gira em torno de 3% das reservas totais.

Assim, a Brava Energia espera que 2025 seja um ano de menor Capex e maior geração de caixa, com o ramp-up de Atlanta e melhoria na operação de Papa-terra, além de ganhos de eficiência e operacionais provenientes da junção de negócios entre 3R Petroleum e Enauta. Uma das principais expectativas em ganhos operacionais está na integração logística para melhor aproveitamento da sinergia entre os ativos.

Do ponto de vista administrativo, a diretoria da Brava informou que 10% da força de trabalho foi desligada após a combinação de negócios, e que também houve redução no número de gerências e estruturas organizacionais.

A empresa também espera melhorar seu posicionamento no mercado livre de gás.

Como desafios para os próximos períodos, a Brava mapeia a sobrecarga nos órgãos reguladores, como ANP e o Ibama, considerando que o Brasil tem recebido um grande número de novas plataformas, navios e equipamentos. Além disso, o mercado aquecido também aumenta a concorrência por fornecedores.

Segundo Décio Oddone, as negociações para Atlanta e Papa-Terra já foram iniciadas com antecedência, e a companhia já possui licenciamento ambiental para a perfuração de poços, inclusive em Oliva, que teve sua decisão final de investimento adiada. Entretanto, com o desenvolvimento das atividades já planejadas, a companhia deve precisar da agilidade dos órgãos reguladores.

“Para frente, a gente espera o reforço da capacidade de ação e uma melhoria do orçamento das agências reguladoras, porque acho que isso é importante para a atividade, que é relevante para a geração de recursos no Brasil”, disse Oddone.

Resultados

No terceiro trimestre de 2024, a Brava Energia registrou lucro de R$ 498,3 milhões, revertendo prejuízo de R$ 349,9 milhões há um ano. O Ebitda foi de R$1,6 bilhão, com crescimento de 2,5 vezes em relação ao Ebitda de R$ 640,2 registrado no mesmo período de 2023.

O custo de produção foi de US$ 20 por barril, valor 14,9% menor do que há um ano. A produção no trimestre foi de 51.721 mil barris de óleo equivalente por dia, com crescimento de 5,6% na base anual.

Nos próximos trimestres, a Brava espera ver melhorar estes índices, a partir do aumento de produção em Atlanta, com o novo FPSO, e em Papa-Terra, com melhorias operacionais. No mesmo sentido, os investimentos nos ativos devem reduzir. Assim, o custo de produção tende a se tornar mais favorável à companhia, com maior produção.

Leia também: