A Renova Energia, em processo de recuperação judicial, sentiu impacto de 23,5% (93,5 GWh) de curtailment na produção de energia no terceiro trimestre de 2024, alcançando 304,2 GWh. No mesmo período do ano anterior, a geração foi de 279,6 GWh e 13,3% de curtailment.
Em teleconferência com investidores para falar dos resultados do período, Vitor Hugo Silva, diretor Financeiro e de Relações com Investidores da empresa, destacou que, dos 93,5 GWh restritos por curtailment, 45,4 GWh foram em setembro, período no qual o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) implementou adaptações nos processos de restrição de geração eólica e solar fotovoltaica, com foco inicial nos estados do Rio Grande do Norte e Ceará.
Mesmo com os cortes, a geração dos parques da Renova teve um aumento de 8,8% em comparação com o mesmo período do ano anterior. No momento, a empresa tem operacional o complexo eólico Alto Sertão III, com capacidade instalada de 432,6 MW, localizado na Bahia.
A companhia também está desenvolvendo a planta de geração solar distribuída Caetité, com 4,8 MWp. De acordo com Silva, uma empresa foi contratada para execução da linha de transmissão.
“Temos uma empresa contratada trabalhando na execução da linha de transmissão, que é a única coisa pendente para a entrada de operação, e que vem sendo impactada pelas fortes chuvas na região. Estamos em um período de chuva na região de Caiteté e Guanambi [municípios baianos próximos ao parque], que deve impactar na entrada de operação, mas a Renova está fazendo todos os esforços para entrar até o final do ano e ter o parque gerando a partir de janeiro”, falou Silva.
Recuperação judicial da Renova Energia
Em outubro, a companhia celebrou novos aditamentos aos planos de recuperação judicial da própria empresa e das sociedades que compõem o Alto Sertão III, com aprovação unânime dos credores com garantia real. Esses aditamentos visam o reperfilamento da dívida.
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“Outra parte importante do programa de pagamento é o alongamento da dívida de 2031 para 2035, uma carência adicional para o principal até agosto de 2026, e o pagamento reduzido de juros nas parcelas de outubro de 2024”, explicou Vitor Hugo Silva, CFO e diretor Financeiro e de Relações com Investidores da Renova Energia.
O aditivo ainda prevê um compromisso de venda de 750 MW a cada três anos, com a primeira janela iniciando em agosto de 2026 e terminando em agosto de 2035, ano final da dívida – totalizando 2.250 MW no período
Resultados
Com os planos, a companhia apresentou um prejuízo de R$ 1,3 milhão no terceiro trimestre, uma redução de 97,2% na comparação anual, enquanto a receita líquida subiu 20,8%, a R$ 69,3 milhões.
O resultado antes dos juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) cresceu 293% no período, para R$ 71,7 milhões.
O desempenho da empresa foi justificado pela contabilização dos compromissos futuros marcação a mercado de R$ 29,6 milhões e pelo estorno de provisão no valor de R$ 25,2 milhões referente ao ganho de alienação de ativos.
Os valores foram parcialmente compensados por maiores encargos de Imposto de Renda e Contribuição Social, que somaram R$ 13,7 milhões entre julho e setembro, ante os encargos anteriores de R$ 1,9 milhão.
A Renova Energia destacou ainda que na comercialização de energia foi registrada uma alta de 33,5% em relação ao mesmo trimestre de 2023, “uma vez que a trading está mais ativa no mercado e da alta nos preços”. A comercialização na etapa se dividiu entre 47% no mercado regulado e 53% no mercado livre de energia.