A Enel Americas, que é dona das operações da Enel no Brasil, vai investir US$ 7,5 bilhões entre 2025 e 2027, montante 35% maior que o previsto no plano anterior, que ia de 2024 a 2026. No Brasil, serão investidos cerca de US$ 5 bilhões, sendo que quase US$ 4,6 bilhões irão para as três distribuidoras em São Paulo, Ceará e Rio.
O montante representa um crescimento de cerca de 60% frente aos cerca de US$ 2,9 bilhões que seriam destinados às distribuidoras brasileiras pelo plano anterior.
“Nossa alocação de capital será focada principalmente nos grids, que representam a espinha dorsal das nossas operações na região”, disse Aurelio Bustilho, CEO da Enel Americas, durante teleconferência de apresentação dos planos com investidores e analistas.
Apesar da Enel Americas ser sediada no Chile, a Enel Chile não está debaixo das suas operações, que incluem Brasil, Colombia e Argentina. Destes, o Brasil representa a maior parte dos ativos e dos investimentos projetados.
Mais investimentos, mais remuneração
Considerando os três países, os investimentos em redes vão somar US$ 6,1 bilhões, aumento de 61% frente aos US$ 3,8 bilhões previstos no plano anterior. A previsão é que a base de ativos regulatória (RAB) da Enel Americas saia de US$ 12,4 bilhões para US$ 13,9 bilhões em 2027, alta de 12%. No Brasl, o crescimento deve se de 22,4%, chegando a US$ 7,1 bilhões na base de ativos.
O plano prevê ainda aumento no número de consumidores atendidos pela Enel nos próximos três anos e melhoria nos indicadores de perdas e de qualidade do serviço. No total, a expectativa é que o número de consumidores saia de 22,5 milhões em 2024 para 23,7 milhões, enquanto o volume de energia deve crescer 5%, a 110,9 TWh.
A base de clientes livres atendidos pela Enel Américas deve mais que dobrar nos próximos três anos, chegando a 12,5 mil clientes, movimento viabilizado, em grande parte, pela abertura do mercado livre de energia brasileiro.
O plano de investimentos anterior da Enel previa US$ 3,6 bilhões em investimentos no Brasil, e foi ampliado para US$ 3,7 bilhões em setembro, quando a empresa anunciou os reforços na gestão da rede de São Paulo frente aos eventos climáticos extremos. Dentro desses valores, eram considerados ainda os investimentos em geração renovável no país.
Renovação das concessões e eventos climáticos extremos
Durante a teleconferência, Bustilho comentou ainda sobre os processos de renovação das concessões das distribuidoras do Brasil e sobre os efeitos dos eventos climáticos extremos sobre as suas operações.
“Os eventos climáticos extremos estão ficando cada vez mais frequentes, e estão afetando diretamente nossas áreas de concessão e a qualidade de vida dos consumidores. Vemos eventos graves como chuvas, ventos, secas, ondas de calor e alagamentos em toda a região, na verdade, em todo o mundo”, disse Bustilho.
Ele lembrou que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) ainda está conduzindo uma consulta pública sobre a renovação das concessões, que deve ser encerrada em meados de dezembro. “É um processo que envolve a maioria das distribuidoras de energia do Brasil, não um grupo apenas e, na nossa visão, está sendo bem feito”, disse, completando que espera que tudo seja concluído em abril do próximo ano.