A proposta de vedação da oferta de serviços de MMGD por distribuidoras de energia no Congresso Nacional vai contra a competitividade do segmento, segundo Guilherme Lencastre, presidente Enel São Paulo. Durante painel no MinutoMega Talks, executivo opinou contra a medida, dada a relevância da atuação das empresas e defendeu o aprimoramento das regras, caso seja necessário.
O tema está sendo discutido por meio do projeto que altera a Lei nº 14.300/2022 vendando o exercício da atividade pelas concessionárias e permissionárias de distribuição de energia elétrica ou por suas controladas, coligadas ou controladoras.
“Atuamos em diversas áreas, exceto transmissão. Logo, quando olhamos para os mercados, queremos livre concorrência e transparência. Evitar a participação de uma, para mim, não faz sentido”, destacou.
Controle de GD
As distribuidoras podem atuar como um Operador Nacional de Sistema Elétrico (ONS) descentralizado para mensurar a entrada da mini e microgeração distribuída (MMGD) mediante o aumento dos medidores inteligentes. Para Guilherme Lencastre, o uso do equipamento por consumidores pode ajudar a mensurar o consumo da modalidade nas unidades consumidoras em tempo real, facilitando a interação com o cliente.
“Temos instalados na Enel de São Paulo cerca de 1 milhão de medidores inteligentes. Isso é um facilitador para chegar na DSO [sigla para Operadoras de Sistemas de Distribuição]. Por quê? Porque vamos conseguir ter uma interação com clientes. Temos visto uma expansão grande [da MMGD] e uma dificuldade do próprio ONS de fazer essa gestão. Com esses sistemas, as distribuidoras do futuro vão conseguir prever isso e vão conseguir trabalhar junto com o ONS dando muita informação em tempo real”, falou o executivo.
Além do benefício para geração descentralizada, Lencastre vê no equipamento outros pontos positivos como a identificação de falhas pelas distribuidoras e a chance de corte ou redução da potência de consumidores por falta de pagamento. Os sistemas são um dos itens cruciais para a modernização das redes em meio ao cenário de transição energética e do aumento das ocorrências de eventos extremos.
Investimentos crescem 60% até 2027
Na última semana, a Enel Américas, que é dona das operações da Enel no Brasil, anunciou US$ 7,5 bilhões de investimento entre 2025 e 2027. No Brasil, serão investidos cerca de US$ 5 bilhões. O montante representa um crescimento de cerca de 60% frente aos cerca de US$ 2,9 bilhões que seriam destinados às distribuidoras brasileiras pelo plano anterior.
Segundo Lencastre, o volume de investimentos é uma aposta da empresa na modernização da regulação para alcançar a transição energética.