Óleo e gás

Reserva na Colômbia pode ser a maior descoberta de gás da Petrobras

Além de Sirius-2, outros dois poços serão perfurados; gás deve ficar na Colômbia

Área e equipamentos utilizados pela Petrobras na perfuração de Sirus-2; ativo pode ser a maior descoberta de gás não-associado da estatal
Área e equipamentos utilizados pela Petrobras na perfuração de Sirus-2; ativo na Colômbia pode ser a maior descoberta de gás não-associado da estatal | Petrobras

A descoberta de seis trilhões de pés cúbicos (6 TCF) na Colômbia, anunciada pela Petrobras e pela Ecopetrol nesta quinta-feira, 12 de dezembro, e que já é a maior descoberta de gás daquele país, pode se tornar também a maior descoberta de gás não-associado da Petrobras.

A confirmação da reserva se deu pela perfuração do poço Sirius-2, que está localizado dentro da área do bloco marítimo GUA-OFF-0. Além de Sirius-2, Petrobras e Ecopetrol planejam mais dois poços exploratórios, que podem aumentar o potencial de 6 TCF já detectado.

O próximo poço exploratório será Buena Sorte, cuja perfuração deve começar em março de 2025. Depois, o consórcio fará a exploração em Papayuela, cujo início depende da perfuração do poço anterior, pois utilizará os mesmos equipamentos. “Estamos bastante otimistas de que este volume vai aumentar” disse a diretora de Exploração e Produção da Petrobras, Sylvia dos Anjos.

Atualmente, a maior descoberta de gás não-associado da Petrobras é a do campo de Sábalo, na Bolívia, com 8,4 TCF, disse o gerente geral da Petrobras Colômbia, Rodrigo Costa Lima. Ele também explicou que a formação que abriga o poço de Sirius-2 faz parte da Margem Equatorial. “Quando a gente avalia a Margem Equatorial, avaliamos desde a Colômbia até o Rio Grande do Norte. Podemos considerar sim como Margem Equatorial”, disse.

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O consórcio que explora o bloco Uchuva-1, onde está o poço de Sirius-2, é composto pela Petrobras, que tem 44,44% de participação e é a operadora do negócio, e pela estatal colombiana Ecopetrol, com 55,55%.

O tamanho da reserva

Em comparação com ativos brasileiros, as reservas de Sirius-2 são equivalentes a três vezes as reservas do Campo de Mexilhão, na Bacia de Santos, que está em produção desde 2011.

A produção esperada para Sirius-2, de 13 milhões de m³ de gás por dia, é comparável à produção esperada do projeto Raia (operado pela Equinor na Bacia de Santos), de 16 milhões de m³ de gás natural por dia. O projeto Sergipe Águas Profundas (Seap), operado pela Petrobras, projeta produzir cerca de 12 milhões de m³ de gás cada uma das plataformas Seap I e Seap II.

Gás fica na Colômbia

Os planos da Petrobras são que o gás de Sirius-2 permaneça na Colômbia. “É uma descoberta voltada exclusivamente para o mercado colombiano, que tem uma demanda imensa e em poucos anos estará importando”, disse Sylvia dos Anjos.

Rodrigo Costa Lima, gerente-geral da Petrobras Colômbia, explicou que a demanda local é de 30 milhões de m³ por dia. Deste montante, cerca de 35% vai para usinas térmicas, e o restante é voltado para os mercados industriais, veicular e residencial. “O setor residencial tem um nível de cobertura maior do que no Brasil, cerca de 80% das residências têm gás natural”, disse Lima.

Entretanto, se as atividades exploratórias indicarem reservas ainda maiores, a Petrobras não descarta a exportação do gás natural na forma liquefeita (GNL). “Passa a ser um caminho natural”, disse Sylvia dos Anjos.

Modelo de produção totalmente submerso

O modelo de produção a ser implementado em Sirius-2 será do tipo “subsea to shore”, que inclui apenas unidades submarinas que levarão o gás até a unidade de processamento de gás natural (UPGN), na costa. Um gasoduto submarino de 117 quilômetros de extensão levará o dás direto do subsolo até a UPGN. “É uma inovação, reduz custo e também prazo”, disse Sylvia dos Anjos.

Sem plataformas, as emissões de carbono também devem ser menores. Segundo Rodrigo Costa Lima, a intensidade de carbono deve ser entre 3,6 quilos e 3,7 quilos de CO2 por barril de óleo equivalente, enquanto a média mundial é de 14 quilos de CO2 por barril de óleo equivalente.

Licenciamento ambiental é desafio

Em setembro deste ano, as atividades no campo de Uchuva foram paralisadas pela Justiça colombiana em função de uma ação de comunidade indígena. No mesmo mês, o consórcio conseguiu a revogação da decisão. Segundo a Petrobras, esta questão já está pacificada, com vitória das companhias em segunda instância.

Entretanto, outras situações parecidas podem acontecer. O gerente-geral da Petrobras Colômbia, Rodrigo Costa Lima, explicou que o pleito que paralisou momentaneamente as atividades na região é o equivalente, no Brasil, a uma ação civil pública. Assim, qualquer cidadão pode contestar as atividades.

Para além disso, a Petrobras avalia que o maior desafio da atividade na região está na etapa de licenciamento ambiental. O processo de licenciamento na Colômbia começa com uma consulta prévia às comunidades que podem ser impactadas pelas atividades. No caso de Uchuva, o processo prevê a consulta a 116 comunidades. Petrobras, Ecopetrol e as autoridades colombianas já começaram o procedimento, mas não é claro quanto tempo estas consultas podem levar. “Aqui é onde temos a incerteza, pode demorar mais ou menos”, disse Sylvia dos Anjos.

Depois das consultas, entra a etapa de estudo ambiental, que deve durar entre seis e sete meses, segundo os executivos da Petrobras. Assim, a avaliação é que o processo de licenciamento ambiental termine entre 2025 e 2026.