Verão 2025

Verão deverá ser chuvoso, ameno e de bons ventos para eólica, diz Nottus

Chuvas devem reduzir luminosidade para geração solar distribuída, mas com menor intensidade no norte de Minas Gerais e Nordeste

Sol em pátio de aeroporto
Verão 2025 deve ser de temperaturas mais amenas e hidrologia mais alta, segundo a Nottus | Samuel Figueira - Força Aérea Brasileira

O verão 2024-2025 deve ser de altas precipitações, temperaturas amenas e ventos abundantes na costa do Nordeste, região com alta concentração de parques eólicos. As projeções são da Nottus, que destaca a diferença com o último verão, influenciado pelo fenômeno El Niño, que teve fortes ondas de calor, tempo seco e temperaturas altas.

Para a empresa especializada em inteligência de dados e consultoria meteorológica para negócios, o período deve deixar os reservatórios em situação mais favorável, em função do volume de chuvas. As cargas no sistema elétrico nacional (SIN) também devem ter menos oscilações bruscas em função das temperaturas mais amenas. O sócio-diretor e meteorologista da Nottus Alexandre Nascimento avalia que as condições devem diminuir os picos de carga no fim do dia e a necessidade de acionamento de termelétricas.

Chuvas

As chuvas devem ser superiores à média histórica em boa parte do país, especialmente nas regiões Sudeste/Centro-Oeste e Sul.

A Nottus aponta que o mês de dezembro começou com chuvas expressivas nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do país, contribuindo para o aumento dos níveis dos reservatórios. “Tudo o que vier agora vem somar ao reservatório que hoje, no último dado disponibilizado para o ONS [Operador Nacional do Sistema Elétrico], no Sudeste, está na casa dos 45%. Ou seja, a perspectiva é de manutenção dessa condição de subida de reservatório e vazões aí chegando pelo menos próximo da média histórica”, disse Nascimento.

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Já no Norte, a recuperação dos reservatórios deve ser mais lenta, pois a região vem de um período de seca forte. “As bacias do Norte e do Nordeste também já tiveram chuva, porém, nosso ponto de partida foi, em grande parte dessas bacias, o pior do histórico em relação a vazão. A perspectiva é de que chove algo dentro da normalidade, então, a recuperação vai ser um pouco mais lenta”, explicou.

Mesmo assim, os níveis devem iniciar a recuperação nas próximas semanas, principalmente nas bacias do Norte. “O São Francisco tem previsão de bastante chuva na área mais do alto São Francisco, próximo à região de Três Marias”, disse Nascimento.

Solar e eólica

Segundo as projeções da Nottus, a geração eólica tende a ser favorecida por bons ventos na região da costa do Nordeste, com menos chuvas do que o período anterior.

Já a geração solar pode ser impactada pelo maior volume de chuvas em todo o país, que aumenta a nebulosidade e prejudica a incidência de radiação solar. Nascimento acredita que o maior impacto deve ser sentido nas usinas solares de geração distribuída, que estão mais pulverizadas. Na região do norte de Minas Gerais e no Nordeste, onde há grande concentração de usinas solares para geração centralizada, a variação da luminosidade não deve ser tão grande.

Tempestades poderão impactar redes de distribuidoras

A Nottus prevê que nos próximos dez a 15 dias deve haver a formação de um corredor de umidade no eixo Sudeste, Centro-Oeste e Norte.

“Algumas áreas que estão com o volume de chuva previsto na casa de 200, 250 milímetros. É a chuva de um mês inteiro, ou até um pouco mais, em 10 ou 15 dias. Estamos no verão e essas tempestades vêm com raio e ventania, pode prejudicar o pessoal da distribuição”, avaliou Nascimento.

Formação de La Niña

A Nottus identificou indícios de resfriamento das águas do Oceano Pacífico, o que pode desencadear o fenômeno La Niña. Há mais de 72% de probabilidade de ocorrência do fenômeno para o trimestre dezembro, janeiro e fevereiro, e probabilidade acima de 51% até o trimestre de fevereiro, março e abril.

Entretanto, caso o fenômeno se confirme, deve ser de baixa intensidade e curta duração. “Tudo leva a crer que já no decorrer do outono quem estará de volta é a neutralidade climática”, avalia a sócia-executiva e meteorologista da Nottus Desirée Brandt.

No Brasil, o La Niña tende a provocar chuvas acima da média no Norte do país e secas mais intensas no Sul e Sudeste.