Gás natural

Leilão de reserva de capacidade impulsiona discussões relevantes no setor elétrico

Para EDF Brasil, leilão vai viabilizar flexibilidade e segurança à matriz eletroenergética do país

Para Pierre Bernard, CEO da EDF Brasil, o leilão é  "uma excelente oportunidade para otimização e modernização dos ativos em operação no país"
Para Pierre Bernard, CEO da EDF Brasil, o leilão é "uma excelente oportunidade para otimização e modernização dos ativos em operação no país"

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A EDF Brasil aposta no leilão de reserva de capacidade para recontratar a Usina Termelétrica (UTE) Norte Fluminense, de 827 MW de potência, e para a implantação de um novo projeto termelétrico, a UTE Norte Fluminense 2, de 1.713 MW de potência, a fim de garantir a oferta de energia flexível a um preço competitivo ao Sistema Interligado Nacional (SIN). O contrato ajudará ainda a viabilizar os testes de produção de hidrogênio na planta, gás que poderá ser utilizado na refrigeração dos geradores da UTE Norte Fluminense, garantindo a autossuficiência em hidrogênio para os processos.

O certame, previsto para acontecer em 27 de junho, deve contratar termelétricas novas e existentes, além da expansão de hidrelétricas existentes no sistema, e tem o objetivo de garantir oferta de potência e flexibilidade ao Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), que tem dificuldades crescentes relacionadas ao aumento expressivo das renováveis não despacháveis. A “rampa” da fonte solar fotovoltaica chegou a mais de 35 GW, o que significa que recursos desta ordem saem da geração no fim do dia, demandando termelétricas para garantir a segurança do atendimento da carga, especialmente no período de transição para a entrada das fontes eólicas, que operam de forma mais regular no período da noite.

“A realização do leilão de reserva de capacidade é um passo importante no setor elétrico brasileiro, uma vez que irá fortalecer a segurança e a confiabilidade do SIN”, destaca Pierre Bernard, CEO da EDF Brasil.

Gás natural e transição energética

Com relação ao produto termelétrico, só poderão participar do leilão usinas movidas a gás natural e a biocombustíveis, refletindo o compromisso do governo com a descarbonização do setor elétrico.

Atualmente, o ONS precisa despachar muitas vezes termelétricas mais caras e poluentes, a óleo ou carvão, por exemplo, para garantir o abastecimento nos horários de pico, diante da necessidade de flexibilidade que – até então – não era amplamente oferecida (e exigida) pelas usinas a gás natural.

Assim, como ainda não existe uma meta de emissão de CO2/MWh quando falamos de operação do SIN, cabe ao MME, na elaboração dos leilões, definir de forma clara quais combustíveis deverão ser incluídos nos certames e quais tecnologias, no entendimento do Ministério, corroboram com os compromissos ambientais do Brasil e com a transição energética.

“O gás natural, cuja emissão de gases de efeito estufa (GEE) é 47% inferior ao carvão mineral, representa o combustível da transição energética, sendo inegável seu papel central como combustível fóssil de menor impacto para uma transição justa e sustentável”, pontua Bernard.

“Além disso, a contratação de usinas existentes é uma excelente oportunidade para otimização e modernização dos ativos em operação no país”, complementa.

A EDF, empresa de origem francesa, tem compromisso com a redução de emissões e com a transição energética. Com a meta de zerar as emissões líquidas de carbono até 2050, já foi alcançada uma redução de 50% entre 2017 e 2022. A própria UTE Norte Fluminense foi uma das primeiras instalações do país a receber a instalação de painéis fotovoltaicos, capazes de gerar 320 kWp. Além disso, a empresa está desenvolvendo uma planta-piloto de hidrogênio que poderá utilizar como insumo a energia renovável proveniente dos painéis fotovoltaicos e/ou do calor residual termelétrico para gerar energia, possibilitando, assim, o uso deste insumo no processo de geração da UTE Norte Fluminense.

“A integração de tecnologias energéticas inovadoras e a geração por múltiplas fontes de energia, como será realizada pela planta-piloto de hidrogênio que estamos desenvolvendo em nossa usina, são passos cruciais para que o Brasil caminhe para um futuro energético mais sustentável”, enfatiza Pierre Bernard.

© Rogério Peccioli

Para ressaltar a relevância da disponibilidade da UTE Norte Fluminense para o SIN, em agosto, quando o mercado de energia começou a precificar o fim do seu contrato de gás com a Petrobras, em dezembro de 2024, os preços de energia no mercado livre chegaram a subir mais de R$ 50/MWh, antecipando que a energia gerada pela Norte Fluminense seria substituída pela de empreendimentos mais caros.

No leilão de reserva de capacidade, porém, como as usinas existentes merchant disputarão contratos de dez anos de vigência, a maior previsibilidade de geração deve ajudar a reduzir o custo de geração, tornando esses empreendimentos mais competitivos.

Flexibilidade e fomento ao mercado de gás

Com a recontratação das usinas existentes, o governo espera otimizar os recursos à disposição, ao mesmo tempo em que, no médio prazo, almeja assegurar a expansão com novas termelétricas, impulsionando a evolução tecnológica do parque gerador brasileiro.

Entre as condições de flexibilidade para as usinas novas, estão prazos de duração mínimo de permanência em que as térmicas devem ficar ligadas e desligadas de até oito horas. A rampa de acionamento das termelétricas deve ser de até duas horas, com rampa de desligamento de até uma hora.

Já as usinas existentes terão tempo mínimo ligadas de até doze horas e de quatro horas desligadas. A rampa de acionamento deve ser de no máximo sete horas, e a de desligamento deve ser de até uma hora.

Para a EDF Brasil, como há expectativa de acionamento frequente das termelétricas para suprir a flexibilidade necessária ao ONS, a determinação de tempos de operação claros auxiliará a utilização otimizada dos recursos.

“A cada certame realizado, notamos a evolução e o amadurecimento do entendimento sobre as reais necessidades do SIN. O Ministério, ao dar um direcionamento detalhado aos empreendedores sobre as exigências técnicas, obriga que os empreendimentos, sejam novos ou já existentes, se preparem tecnologicamente para essa nova fase operativa e para as novas demandas do sistema”, avalia Pierre.

A UTE Norte Fluminense é tida como uma usina competitiva tanto pela sua eficiência operacional, já que recebeu investimentos em modernização para ter tempos de partida mais ágeis e aposta constantemente em manutenções preditivas, quanto pela localização, em Macaé, no interior do Rio de Janeiro, sendo próxima dos centros de carga e dos principais hubs de suprimento de gás natural do país.

Vale notar que o mercado de gás também sairá ganhando, pois, as empresas que atuam nele terão incentivo para desenvolver produtos mais flexíveis e que viabilizem a entrega da molécula nos prazos e volumes necessários, seguindo tendências no mundo todo. “Entendemos que as usinas termelétricas atuam como âncoras para o desenvolvimento do setor de gás natural e corroboram com a realização da integração gás-energia. Estamos otimistas que o LRCAP demandará das transportadoras e distribuidoras de gás a oferta de produtos mais compatíveis com a nova realidade operativa (de maior flexibilidade) e, quando falamos de suprimento de gás natural, vislumbramos uma maior liquidez na oferta”, analisa Bernard.

Como próximos passos, o setor aguarda ansiosamente a publicação da consulta pública para discutir a sistemática do leilão, na qual serão definidos os critérios de competitividade e a expectativa de operação das usinas térmicas. E, em paralelo, a Aneel deverá abrir nova consulta pública para tratar as regras e aprimoramentos do edital do LRCAP. “Ainda temos um longo caminho a percorrer até a efetiva data do leilão, porém estamos confiantes na receptividade do MME e da Aneel para viabilizar um certame que condiz com a realidade operativa das termelétricas e com as necessidades e anseios do consumidor”, conclui Pierre.

*Conteúdo oferecido pela EDF Brasil