Regulação

Processos empatados devem retornar à pauta da Aneel na próxima semana

Ludimila Lima da Silva, diretora substituta da Aneel, terá missão de desempatar 19 processos na agência
Ludimila Lima da Silva, diretora substituta da Aneel, terá missão de desempatar 19 processos na agência | Foto: Divulgação/Aneel

Os processos cujas votações na diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) terminaram em empate devem retornar à pauta da próxima reunião da agência, na terça-feira, 28 de janeiro.

Em entrevista concedida depois da primeira reunião de 2025, Sandoval Feitosa, diretor-geral da Aneel, disse que a presença da diretora substituta Ludimila Lima da Silva vai permitir ao colegiado “imprimir um ritmo mais acelerado” nas deliberações.

Desde maio de 2024, quando terminou o mandato de Hélvio Guerra na Aneel, a diretoria atua com quatro membros, e 19 processos não tiveram a deliberação concluída porque houve empate, e o regimento exige no mínimo três votos convergentes para uma decisão.

Hoje seria a primeira reunião com o colegiado completo, e processos pendentes chegaram a ser pautados, mas tiveram a deliberação adiada porque a diretora teve um problema e precisou tirar licença.

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“Na próxima reunião, esses processos deverão retornar, por força do regimento, oportunidade em que a diretoria vai avaliar se tem condições de já declarar o seu voto ou então, eventualmente, de solicitar mais tempo para tratar os temas”, disse Feitosa.

Segundo ele, o colegiado completo da Aneel, ainda que com uma diretora substituta, da confiança de que “2025 será muito melhor que o ano de 2024”.

Aneel na mira do curtailment

Outras pendências da Aneel, contudo, devem ser resolvidas apenas por força judicial, como o caso do curtailment da geração eólica e solar e a situação da Amazonas Energia.

O diretor-geral lembrou que a Aneel, junto da Advocacia-Geral da União (AGU), entrou com recurso da liminar do curtailment no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e entende que está cumprindo “estritamente os ditames da legislação referente ao tema”, mas até o momento se prepara para cumprir a decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), que obrigou o pagamento do ressarcimento aos geradores renováveis.

Insegurança na Amazonas Energia

No caso da Amazonas Energia, que teve a transferência de contrato para a Âmbar por força de decisão liminar, a situação está ainda incerta.

“Todos hão de concordar que há necessidade de encontrarmos uma solução para esse tema, porque não é possível que um serviço público contínuo, que é o serviço de distribuição de energia elétrica, fique na insegurança de uma decisão eliminada de um juiz de primeira instância”, afirmou Feitosa.

A transferência do controle societário da distribuidora foi turbulenta, no fim da vigência da Medida Provisória (MP) 1.232, que viabilizava a operação ao garantir flexibilizações nas obrigações da distribuidora e pela conversão de contratos de compra de energia (CCEARs) em contratos de energia de reserva. As áreas técnicas da Aneel discordaram dos termos propostos pela Âmbar, mas a Amazonas Energia obteve liminar de primeira instância obrigando a Aneel a aprovar o negócio.

Mesmo depois da aprovação sob judice, a Âmbar entrou com recurso, a fim de obter uma autorização definitiva da Aneel, e esse recurso não chegou a ser discutido. Depois disso, a Âmbar e a Amazonas também conseguiram na Justiça a conclusão das conversões dos contratos e o prazo adicional para concluir o negócio.

Segundo Feitosa, a eventual reversão da venda das termelétricas da Eletrobras à Âmbar – as mesmas usinas que tinham contratos de venda de energia com a Amazonas Energia – tornaria a distribuidora sobrecontratada novamente, agravando seu quadro econômico-financeiro.

A decisão judicial que obrigou a Aneel a aprovar a venda das termelétricas ainda está vigente, assim como a liminar que garantiu a transferência de controle da própria distribuidora.

“Espera-se que essa decisão, em algum momento, ou seja confirmada ou concluída pelo Poder Judiciário, mas hoje temos que cumprir a decisão judicial em vigor”, disse Feitosa.