O mercado de fusões e aquisições (M&As) de usinas solares de 2024 subiu 65% em relação ao ano anterior. Dados do Boletim de M&A da Greener, lançado nesta quinta-feira, 23 de janeiro, aponta a ocorrência de 52 transações envolvendo projetos fotovoltaicos, com o quarto trimestre do ano apresentando o maior volume, com 17 operações.
“Em 2024, observou-se uma evolução significativa nas transações de usinas solares, consolidando o setor como um dos mais dinâmicos no mercado de energia. Essa tendência deverá ganhar ainda mais impulso em 2025”, avalia Marcio Takata, CEO da Greener.
O destaque do período ficou com as operações envolvendo projetos de geração centralizada (GC) e distribuída (GD), que somaram 336 usinas solares negociadas e 3,6 GWp. Segundo a consultoria, o volume transacionado pode ser ainda maior, já que seis usinas de geração centralizada e duas da modalidade distribuídas não divulgaram a potência.
Operações de GC
Das transações, 41% envolveram usinas de geração centralizada, totalizando 21 aquisições – volume quatro vezes maior em relação a 2023. Entre as operações, 12 foram de autoprodução por equiparação.
A Greener ainda verificou no ano de 2024 a negociação de 88 usinas fotovoltaicas de GC, sendo que 37 foram para autoprodução por equiparação. As empresas que investiram em autoprodução foram de setores como siderurgia e alimentos.
Das 88 plantas, 17 estavam em operação, oito em fase de construção e 63 com obras ainda não iniciadas. Para Heloisa Burin, supervisora de Estudos da Greener, o montante expressivo de usinas em fase de construção não iniciada ocorre pela MP 1212, publicada em abril do ano passado.
“A MP prevê a prorrogação dos prazos para operação e construção dessas usinas. Então, provavelmente, isso deve ter influenciado esse mercado das greenfields em GC”, diz
A maioria dos negócios ocorreram nos estados de Minas Gerais e Bahia e no primeiro semestre do ano. Ao todo, a modalidade transacionou 2,9 GWp de potência em 2024.
No mercado, o estudo da Greener destacou os negócios envolvendo a Atlas Renewable Energy, que adquiriu 11 usinas da Shell, somando cerca de 600 MWp.
A Casa dos Ventos e a Pan American Energy também realizaram aquisições, comprando oito usinas cada, com 483 MWp e 362 MWp, respectivamente.
Transações de GD
Também houve crescimento nas transações de geração distribuída, que dobrou seu volume em relação a 2023 e alcançou 14 transações. Segundo a Greener, a maior parte das operações ocorreram no segundo semestre do ano.
No total, houve a negociação de 248 plantas solares, sendo que 38 estavam em operação, 74 em construção e 82 não tiveram as obras iniciadas. A Greener não identificou as fases de 54 usinas.
Os projetos estão localizados em 14 estados e no Distrito Federal e somam 734 MWp. A maior parte das transações ocorreu no segundo semestre de 2024.
“GD é um mercado bem pulverizado. A maior parte das usinas são brownfields, muito em função do benefício da GD 1. Em 2024, vimos a consolidação deste mercado. Para 2025, esperamos uma consolidação ainda maior, com um número crescente de brownfields“, destaca Burin.
A Brasol foi responsável por quatro transações de GD em 2024, correspondendo a 53% da potência total transacionada, com 105 usinas e 390 MWp.
A IVI Energia, adquirindo 43 usinas e 116 MWp, e a Élis Energia, 31 usinas e 115 MWp, foram outros dois importantes players no mercado de GD.
M&A de empresas
Já as operações envolvendo companhias totalizou 16, abaixo das 17 registradas em 2023.
Dos investimentos realizados, 25% vieram de empresas de geração de energia, 38% de gestão e 69% de companhias com capital nacional.
“As aquisições de empresas de gestão de energia ocorrem devido a busca por sinergias ou complementos aos negócios dos investigadores. Já as entre as empresas investidoras com capital nacional indicando o interesse das empresas locais na expansão de suas operações”, conclui o estudo.