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Com 2,3 GW para disputar leilão, Eneva vê desafios na cadeia de suprimento 

Complexo Parnaíba - Divulgação Eneva
Complexo Parnaíba - Divulgação Eneva


O leilão de reserva de capacidade previsto para junho ocorrerá em um contexto global de desafios na cadeia de suprimentos, incluindo as turbinas a gás. A afirmação foi feita por Lino Cançado, diretor-presidente da Eneva, que pretende entrar no leilão após “três anos de preparação para garantir a flexibilidade necessária”.

Com uma oferta inicial de 70 GW, por meio de 327 projetos cadastrados, o certame vai contratar a disponibilidade das usinas, a fim de aumentar a flexibilidade da operação do sistema, cada vez mais necessária diante do aumento das renováveis não despacháveis. No total serão negociados dez produtos, distribuídos em empreendimentos de geração termelétrica a gás natural e biocombustíveis e hidrelétricas.

Em participação em evento do BTG Pactual, o executivo afirmou que um dos desafios do leilão é sua realização em um momento em que os equipamentos de geração termelétrica, principalmente as turbinas de grande capacidade a gás, estão sendo mais demandadas no mundo inteiro, segundo ele devido a “revolução tecnologia” com a inteligência artificial e aos “giga” data centers nos Estados Unidos.

Cançado também apontou a liberação da exportação de gás natural liquefeito (GNL) no país norte-americano e a troca de geração a óleo por gás no Oriente Médio como outros indicadores de crescimento da demanda na cadeia de suprimentos.

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“O leilão vai acontecer num momento em que os empreendedores brasileiros vão ter que disputar esses equipamentos com outros empreendedores internacionais. Nós estamos inseridos num contexto de uma cadeia de suprimento global que está sendo muito demandada. A Eneva está atenta e vamos participar com responsabilidade, trazendo essas características e esses equipamentos para o Brasil”, disse o executivo.

Eneva no leilão de reserva de capacidade

Em relatório divulgado para assinantes nesta semana, o Itaú BBA destacou que espera uma demanda de 10 GW no certame, sendo que a Eneva pode conseguir contratos para 1,3 GW via expansão do ativo no Hub Sergipe, além de 1 GW em usinas existentes descontratadas, com vantagem competitiva favorável nas usinas Parnaíba I e III.

“A Eneva preparar-se para ser um ator importante no próximo leilão de reserva de capacidade, com vários ativos competitivos. Acreditamos que a Eneva poderá aprimorar seu portfólio no Polo Sergipe, com adição de mais termelétricas conectado ao seu FSRU [unidade flutuante de armazenamento e regaseificação de gás natural]”, diz trecho de relatório.

O FSRU ficou paralisado após falha na tubulação de conexão (Riser), causando a suspensão das operações do Hub Sergipe. Três meses depois, o equipamento foi substituído e o Hub Sergipe retomou as operações de forma integral com o reestabelecimento da movimentação de gás natural do FSRU à termelétrica Porto de Sergipe I e à malha de transporte de gás natural, de responsabilidade da TAG.

O FSRU tem uma com capacidade de estocagem de 170 mil m³ de gás e capacidade de regaseificação de até 21 milhões de m³ por dia de GNL, e a usina de Porto do Sergipe, de 1,6 GW, não utiliza toda essa capacidade, por isso existe a possibilidade de expansão.

Flexibilidade trabalhada por anos

Segundo Lino, a solução de fornecimento de combustível flexível é um outro desafio para os participantes do leilão, porém a Eneva tem trabalhado em uma “solução durante três anos”, mediante exploração e desenvolvimento de gás, da implementação de uma rede própria de gasodutos de recolecção da produção e do estoque de GNL em navio.

O executivo dividiu o palco o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que voltou a citar uma possível reforma do setor elétrico brasileiro e reclamou de “ideias” de que a aquisição de energia eólica e solar em leilões seria mais “barata” em relação às térmicas e salientou a necessidade de baterias para atender o sistema elétrico nos horários de pico.

“Há necessidade de quase dobrar o nosso parque térmico até 2034 para segurar o sistema nos horários que precisamos. Temos as hidráulicas, mas ninguém pode negar os efeitos climáticos e, em 2021, nós tivemos a beira do colapso energético, sendo preciso contratar térmicas através do PCS [Procedimento Competitivo Simplificado], inclusive do exterior”, disse Silveira.

Transporte de Gás

Gustavo Labanca, CEO da TAG, também esteve no painel e falou sobre o critério de flexibilidade do certame, ressaltando que empresas estão procurando a empresa para acessar o sistema de transporte e garantir o suprimento de gás.

“Também estamos analisando um projeto de estocagem de gás em parceria com a Origem, em Alagoas, que traz essa flexibilidade de despacho para o setor térmico e para o produtor de gás, que é o gás associado”, pontuou.