
Os impactos dos cortes de geração (curtailment) por razões elétricas foram extremamente representativos em fevereiro, saltando de 6% em janeiro para 20% no último mês.
Os dados são do Itaú BBA, em relatório que acompanha o fenômeno dos cortes de geração a cada mês. Segundo os analistas do banco, o aumento expressivo se deu por conta da indisponibilidade da linha de transmissão 800 kV Xingu/Terminal Rio. No mês, 84% e 56% do curtailment para eólica e solar, respectivamente, aconteceu até o dia 13.
“Na nossa visão, se o bipolo não tivesse ficado indisponível, parte da energia cortada por razões elétricas (REL) teria sido cortada de toda maneira, mas por razões energéticas (ENE)”, diz trecho do relatório.
Como são classificados os cortes de geração
Os cortes de geração, regulamentados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), podem ser enquadrados em três categorias. Indisponibilidade externa (quando há problema na rede elétrica), requisitos de confiabilidade elétrica (problemas em instalações de equipamentos externos à usina) e por razão energética (quando a geração é maior que o consumo).
Os cortes por restrição de transmissão são os únicos que podem ser ressarcidos aos geradores, desde que excedam as franquias horárias definidas pelas regras, que são de 70 horas para eólica e 35 horas para solar a cada ano.
Dos 70 ativos que sofreram cortes por razões elétricas em janeiro e fevereiro, 51 ultrapassaram o limite horário seriam elegíveis ao reembolso. Conforme o levantamento, a Eneva registrou mais de 130 horas no Complexo Solar Futura.
A Engie seria elegível para os complexos solares Sertão Solar Barreiras; Juazeiro Solar; São Pedro; Paracatu e Floresta, enquanto para as eólicas seriam consideradas os complexos Campo Largo; Campo Largo 2; Serra do Assurua; Umburanas; Trairí e Santo Agostinho.
Dos complexos eólicos, a Neoenergia poderia obter ressarcimento para as eólicas Chafariz Sul I; Chafariz Sul II; Chafariz Norte e Caetité 123, o último com 528 horas, o maior corte por razões elétricas da fonte eólica na lista do Itaú BBA. Ainda da companhia, mas da fonte solar, o complexo Santa Luzia integra a lista.
A Serena Energia também teve os projetos eólicos Gentio do Ouro I; Laranjeiras; Ventos da Bahia e Paulino Neves elegíveis ao ressarcimento.
Aumento do curtailment
Considerando as razões elétricas e energética, pela primeira vez desde abril de 2024, o corte de geração da fonte eólica foi superior ao da fonte solar em fevereiro, a 25,5%. A fonte solar registrou 24%.
Renova Energia, Rio Energy, Elera, Qair, Engie e Serena Energia foram as empresas mais afetadas pelos efeitos corte da geração eólica em fevereiro. Para esta análise, o banco considerou um impacto de redução de 20 mil MWh ou mais no mês.
Da fonte solar, Essentia Energia, Vale, CGN Brazil, Nebras, Elera e Eneva foram as empresas mais afetadas pelos efeitos do curtailment no mês, e considerando uma redução de 10 mil MWh ou mais no mês.