
No quarto trimestre de 2024, a Prio teve produção média de 84 mil barris por dia,12,7% menor do que um ano antes. Segundo a companhia, o desempenho se explica pela demora no licenciamento ambiental em um ano marcado pela greve dos servidores do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), e pela eficiência operacional de Albacora Leste, que ficou abaixo do esperado.
O principal impacto da greve do Ibama está no campo de Wahoo, que só teve sua primeira licença ambiental, a de perfuração, concedida no final de fevereiro deste ano, enquanto a Prio calculava que o primeiro óleo poderia sair no primeiro semestre de 2024. A companhia já iniciou a perfuração, mas ainda falta a licença para instalação da linha, que autoriza a conexão dos poços ao FPSO.
Com as aprovações, a Prio espera ter o primeiro óleo do ativo ainda em 2025 – e em uma condição ainda mais favorável à empresa, que em abril de 2024 conseguiu vencer processos de arbitragem garantindo 100% da participação do ativo.
A lentidão do Ibama também impactou trabalhos de workover no Campo de Tubarão Martelo. O ativo teve problemas operacionais em poços entre o segundo e o terceiro trimestres, e segue aguardando aval do Ibama para realizar trabalhos de recuperação.
Em Albacora Leste, a Prio busca elevar a eficiência operacional com a instalação de novos equipamentos. Entretanto, o ativo também pode enfrentar problemas em relação a licenciamento ambiental para novas perfurações. “O Ibama chama de área geográfica, que seria uma licença para toda a Bacia de Campos. Esse é um processo que exige Rima [Relatório de Impacto Ambiental], um processo relativamente longo de licenciamento”, disse o presidente da Prio, Roberto Monteiro, durante teleconferência de resultados do trimestre.
Aumento no lifting cost
As dificuldades na produção aliadas ao declínio natural dos campos contribuíram para um aumento no lifting cost – o custo de produção por barril de petróleo – que é o resultado dos custos operacionais, que são majoritariamente fixos, pela produção, que caiu.
Em dezembro, a Prio também começou a contabilizar a sua participação de 40% no Campo de Peregrino, operado pela Equinor. Em dezembro, Peregrino trouxe à Prio uma produção adicional de 40 mil barris por dia a um custo de produção maior do que a média da companhia.
“Hoje, eu diria que a média da Prio está abaixo de US$ 10 [por barril], com certeza. Mas o Campo de Peregrino opera a números mais perto de US$ 17, US$ 18 dólares o barril”, explicou Monteiro.
Assim, o lifting cost da Prio passou de US$ 6,8 por barril no quarto trimestre de 2023 para US$ 11,1 por barril no mesmo período de 2024, com avanço de 62,2% em um ano.
Certificação de reservas
Em março, a Prio divulgou sua certificação de reservas, que passou de 508 milhões de barris de óleo para 687 milhões de barris de óleo, entre janeiro de 2024 e janeiro de 2025. O cálculo teve o acréscimo de 123 milhões de barris de Peregrino e o aumento na participação de Wahoo.
O campo de Frade teve queda de reservas maior do que o esperado pela companhia, mas trabalhos de recuperação devem repor mais do que o que foi perdido pela companhia.
M&As
A Prio diz ter sempre entre suas prioridades a prospecção de novas oportunidades de M&A (fusão e aquisição de companhias, na sigla em inglês). Entretanto, o cenário de complexidade e de retorno nos ativos já existentes leva a companhia a focar nas operações em curso e elevar os critérios para novas fusões.
“A gente está procurando coisa grande, acho que tem que ser ativos na casa de US$ 2 bilhões ou mais. Antigamente, nós procurávamos ativos na casa de US$ 500 milhões, US$ 300 milhões. Hoje em dia esses ativos não vão fazer o retorno da companhia. E a gente não tem nenhum desespero de agregar um monte de operação pequena e começar a perder o foco e a eficiência”, disse Monteiro.
Segundo o presidente da Prio, a operação costuma ter pouca variação de complexidade independentemente do nível de produção dos ativos. Assim, é mais vantajoso para a companhia mirar em ativos com maior reserva e produtividade, já que a complexidade operacional não aumenta proporcionalmente.
“A gente é muito verticalizado, não é uma operação que dá para você fazer dez ao mesmo tempo. Você tem que fazer uma, estabilizar, resolver, depois você vai e faz outra”, complementou.
O presidente da Prio também reduziu as expectativas em relação a uma internacionalização da companhia. “Nos calls anteriores, acho que eu dei um pouco mais de peso do que a gente deveria ter dado ao Golfo do México”, reconheceu. “Eu gostaria de tirar um pouco esse negócio da pauta agora, a gente está focado em Brasil, nós continuamos focado em Brasil, eu acho que o Golfo do México pode acontecer no futuro, mas não é nada eminente”, complementou Monteiro.
Resultados
No quarto trimestre de 2024, a Prio registrou lucro de R$ 1 bilhão, com aumento de 231% em um ano. “Houve um ganho extraordinário, que foi a transferência das nossas operações para a Dommo, que ativou créditos fiscais adormecidos. Com isso, tivemos um ganho de quase US$ 1 bilhão só por essa ativação de créditos fiscais”, explicou Roberto Monteiro.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês) caiu 41%, fechando o quarto trimestre de 2024 a US$ 301,7 milhões.
A produção no trimestre foi de 87,6 mil barris de óleo por dia, contra 100,3 mil barris de óleo por dia um ano antes.