Geração

Fim do La Ninã traz neutralidade climática para o Brasil, com bacias voltando ao ‘normal’

Chuvas e Hidrelétricas
Chuvas e Hidrelétricas

O início do outono no Brasil deve ser marcado pela estabilidade climática devido ao fim do fenômeno La Niña, com dias mais secos e temperaturas mais amenas, climas ditos como normais para esta época do ano. A afirmação foi feita por Desirée Brandt, meteorologista e sócia-executiva da Nottus, durante apresentação das expectativas da próxima estação do Brasil, que começa nesta quinta-feira, 20 de março.

Segundo a executiva, o período será marcado por frentes frias, levando a menor possibilidade de elevação das cargas por ondas de calor, e com boas condições para as fontes eólica e solar fotovoltaica. A empresa ainda espera o mesmo padrão climático no inverno, porém, ainda “é cedo para bater o martelo”.

“O La Niña está dando sinais de que está no fim. Não temos expectativas para um começo de El Niño e as previsões indicam neutralidade climática. [A previsão indica] chuva forte no Norte na primeira metade da estação e isso mantém o vertimento até o final de abril. Também há expectativa de chuvas regulares no Sul do país. A geração eólica e solar, por enquanto, seguem favorecidas, mas tendem a reduzir ao final da semana que vem e no decorrer das próximas semanas, com uma leve reduzida”, disse Brandt com base em cálculos matemáticos e probabilísticos da NOAA.

De acordo com Alexandre Nascimento, sócio-diretor e meteorologista da Nottus, uma mudança nas previsões pode acontecer apenas no segundo semestre do ano.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE Minuto Mega Minuto Mega

“Tudo indica, nos próximos três a seis meses, que devemos ficar dentro de uma normalidade. A bacia do Madeira, que o ano passado teve o seu pior desempenho, deve voltar com um desempenho mais ou menos dentro do normal. O mesmo vale para a bacia do Xingu. O Tocantins está indo bem, não está super cheio, mas vai chegar e está vertendo, com tendência que verta até o final do mês de abril”, falou Nascimento.

Chuvas de fevereiro e março

Apesar do verão brasileiro começar com chuvas, algo normal para o período que é marcado pela umidade, no decorrer de fevereiro a configuração de bloqueios atmosféricos impediu a chuva e garantiu forte calor em grande parte do país, levando a uma grande volatilidade nos preços do setor elétrico.

Segundo Brandt, março será marcado pela volta das chuvas, porém o volume não deve ser suficiente para recuperar o déficit hídrico ocorrido em fevereiro.

“Nos últimos dias, o enfraquecimento do bloqueio permitiu a volta da chuva para importantes áreas de produção agrícola e bacias hidrográficas. No entanto, o acumulado de chuva será o suficiente para alcançar a média histórica do mês em grande parte do Brasil”, disse a sócia da Nottus.

Até o final do outono

Conforme a previsão da consultoria, com base no modelo europeu ECMWF, o mês de abril, marcado pela transição do período úmido para seco, terá chuva concentrada nos extremos do Brasil, com volumes acima da média no Sudeste e no Centro-Oeste. Além disso, não há previsão de risco de corte antecipado das chuvas, que pode acontecer de forma gradual ao longo do período.

Para maio, a previsão é de chuvas mais fortes entre o Paraguai, Argentina e no Sul do Brasil, além de maior frequência de umidade no Nordeste e no Norte. Enquanto isso, o período seco começa a se estabelecer no interior do país.

O período seco deve ser consolidado no centro do país em junho, que também pode apresentar chuva concentrada no Sul, Norte e em algumas áreas do Nordeste.