
A Eletrobras publicou nesta quarta-feira, 16, uma segunda carta aos acionistas, na qual destaca que os nomes propostos pela administração para compor o seu conselho “foram cuidadoso e meticulosamente pensados e estudados e levaram em conta o atual estágio de desenvolvimento da companhia”. A publicação ocorre dias antes da eleição do conselho biênio 2025-2027, o primeiro depois da privatização.
Assinado pelo presidente do conselho, Vicente Falconi, o documento detalha o processo de escolhas dos nomes e os futuros desafios empresariais do setor elétrico. Os pontos antecedem o pedido de Falconi para que os acionistas votem favoravelmente à lista de candidatos recomendada pela administração.
“E a proposta de administração apresentada aos acionistas traduz justamente o resultado deste intrincado e complexo processo. Neste sentido, a renovação proposta para o colegiado visa à ampliação de competências e experiências sem perder o conhecimento específico acumulado em áreas essenciais aos desafios empresariais e do setor elétrico, além de refletir um equilíbrio entre experiência setorial, diversidade de gênero e representatividade de populações historicamente sub-representadas”, diz trecho do documento.
Falconi ainda ressaltou que os acionistas podem indicar nomes para compor o conselho, pois todos se encontram em pé de igualdade quanto às limitações do poder de voto devido a sua estrutura de corporation. Segundo o presidente do conselho, o recente termo de conciliação firmado com a União e submetido à aprovação dos acionistas, no qual preserva a regra de limitação do poder de voto que embasou o processo de privatização, “é a prova cabal disso”.
>> Veja a lista de indicados para o conselho de administração da Eletrobras
Ele ainda criticou, sem citar nomes, pronunciamentos públicos contraditórios aos adotados na mesa e nas atas das reuniões, que seriam “absolutamente oportunísticos, midiáticos e intempestivos, que denotam uma preocupação com a candidatura eleitoral, e não com os reais interesses da companhia”.
Marcelo Gasparino, que ocupa atualmente uma cadeira do conselho, tem reclamado publicamente sobre o processo de seleção da lista indicada pela administração e abriu inquérito sobre o assunto no Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O seu nome não foi indicado pelo atual conselho, sendo uma sugestão dos acionistas Geração L. Par, Tempo Capital Principal, RPS e Clave, que controlam cerca de 0,5% das ações da Eletrobras. O grupo também indicou Rachel Maia, na votação de preferencialistas para concorrer com Pedro Batista, sócio do Radar gestora.
Em sua rede social, Gasparino defendeu sua candidatura ao colegiado e disse “ver risco de consolidação de um grupo de poder”. Ele ainda chamou de equivocada a decisão de estabelecer um conselho com número par de membros, conferindo mais poder ao presidente do colegiado, que tem voto de minerva em caso de empates.
Sucessão do conselho da Eletrobras
Com ajuda das consultorias externas independentes Spencer Stuart e Korn Ferry, a Eletrobras destacou que vem conduzindo um processo “estruturado e transparente de sucessão” desde novembro de 2024, por meio do Comitê de Pessoas e Governança e do conselho de administração.
Segundo Falconi, oito dos nove membros do colegiado apoiaram a decisão sobre a renovação e recondução de membros para a sucessão, considerando as “reais contribuições e qualificações necessárias para ocupar uma posição”.
“Além de considerarmos nossos acionistas no planejamento sucessório, igualmente capturamos os inputs individuais dos membros atuais. Considerando a importância da dinâmica e dos comportamentos para o funcionamento saudável e eficiente de um órgão colegiado, ouvimos cada um dos conselheiros sobre suas percepções a respeito da relevância do papel desempenhado por seus pares, de sua dedicação de tempo à agenda e aos temas da companhia, e de suas efetivas contribuições à qualidade das discussões estratégicas e ao processo decisório”, destacou.