Com um trabalho baseado em três pilares, principalmente na regulação, o Chile ultrapassou o marco de 1 GW em sistemas de armazenamento em baterias e deve alcançar mais um gigawatt até janeiro de 2026, antecipando a meta de 2 GW que era esperada para daqui cinco anos, quando deve alcançar os 6 GW.
“Adiantamos a meta em cinco anos e vamos continuar avançando. Até 2030, a capacidade de armazenamento pode até triplicar, alcançando 6 GW somando o que está em operação e em desenvolvimento”, disse o ministro da Energia do Chile, Diego Pardow Lorenzo, durante a inauguração da BESS del Desierto da Atlas Renewable Energy, na última quinta-feira, 24 de abril.
Com o recém-lançado projeto BESS del Desierto da Atlas, o país adicionou 200 MW aos 950 MW em sistemas de armazenamento em baterias em operação, superando os marcos traçados inicialmente.
Enquanto isso, no Brasil, os empreendedores ainda aguardam a publicação dos resultados das consultas públicas da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), para regulamentação do tema, e do Ministério de Minas e Energia (MME), com as diretrizes para o leilão de baterias.
Organização de prioridades para a meta chilena
Segundo Diego Pardow, há três anos, quando assumiu a pasta de energia chilena, seu objetivo foi o de buscar o diálogo com outros ministérios e representantes da indústria para reorganizar as prioridades.
O objetivo do ministério da Energia foi o de impulsionar a economia a partir da energia mais barata. “Esse é o grande papel da energia: acompanhar o desenvolvimento de seu país”, completou Pardow.
Para iniciar o processo, o Chile entendeu que seria necessário reorganizar os fluxos financeiros do setor e retomar a atração de investimentos das empresas após as geradoras reportarem cortes de energia de até 40% de sua produção. Além disso, empreendeu esforços para dar transparência aos consumidores residenciais por meio de um programa para sua estabilização financeira.
Transmissão e baterias par armazenamento
Depois de entender os gargalos e as prioridades, a pasta seguiu para solucionar questões que envolviam atrasos em transmissão, muitos por conta do período de isolamento social da pandemia da convid-19, e que geraram custos adicionais com o adiamento das obras.
“Estamos lidando com esse assunto por meio de uma lei específica, a Lei de Transmissão, que já foi publicada, está em plena implementação e esperamos que se materialize neste ano [2025]. Esperamos já ver em Ñuble e Maule [centro-sul do Chile] preços refletindo a capacidade que essas regiões têm para avançar na eletrificação dos seus setores produtivos, especialmente na agroindústria”, completou Pardow.
Além da legislação para transmissão, a pasta ainda trabalhou em uma para o armazenamento, bem como no desenvolvimento de seu programa regulatório, garantindo que esses sistemas tivessem regras claras sobre os fluxos financeiros, e possibilitando a equação financeira dos projetos.
Neste fluxo, segundo o ministro da Energia chileno, a prioridade foi aprovar o regulamento de potência, que exigia uma nova e mais pragmática abordagem. O trabalho ainda considerou o acesso rápido a terras públicas, de forma a reduzir a burocracia e simplificar trâmites ambientais.
Atualmente, cerca de dois terços da capacidade de armazenamento do Chile está na região do Norte do Chile. “Somando Atacama e Tarapacá, temos praticamente 80% da capacidade de armazenamento concentrada no deserto do Atacama”, contou o ministro.
Em breve, o país deve finalizar todo esse projeto com a publicação do regulamento do Sistema de Avaliação Ambiental, que também vai isentar linhas de transmissão com menos de 2 quilômetros de extensão da análise.
“Esperamos reduzir significativamente a rota crítica de desenvolvimento dos projetos, e é nisso que temos trabalhado esse tempo todo. Agora que os projetos estão financiados e construídos, é hora de operá-los”, disse o ministro Diego Pardow.
Adicionalmente, o país colocou em consulta pública o projeto de decreto para a regulamentação de coordenação e operação, considerada uma dívida antiga do setor com o armazenamento, estruturando os diálogos entre o governo o setor.
*A repórter viajou ao Chile a convite da Atlas Renewable.