
Com fábricas em 17 países e atuação comercial em mais de 135 mercados, a catarinense WEG avalia estar bem-posicionada diante das turbulências do mercado global após o tarifaço anunciado pelo presidente norte-americano Donald Trump, no começo de abril. “Até o momento, a WEG não mudou nada no seu planejamento estratégico, porque a gente sempre pensa no longo prazo”, disse o diretor Administrativo Financeiro da companhia, André Rodrigues.
Para ele, ainda há grande incerteza em relação às tarifas. A companhia também avalia que ainda é cedo para comentar eventual elasticidade da demanda norte-americana, mas identifica uma melhora no mercado de ciclo curto (como motores elétricos de baixa tensão e produtos seriados de automação) para o segundo semestre, após um início de ano com oscilações.
Na cadeia que a WEG chama de ciclo longo (motores elétricos de média tensão e painéis de automação), a avaliação é ainda mais positiva: “Performou muito bem. A gente tem uma carteira bem robusta e vai continuar performando bem ao longo dos próximos trimestres sem nenhuma preocupação de desaceleração”, disse o diretor de Finanças e Relações com Investidores, André Salgueiro.
Assim, a empresa mantém seu planejamento de investimentos, que inclui aumento na capacidade de produção de transformadores, motores e tintas industriais no México. Também continua vigente a estratégia de dividir o atendimento do mercado global em três áreas, com o Brasil respondendo por América Latina e Europa, México suprindo a América do Norte e as plantas na China abastecendo o vasto mercado doméstico e asiático. “Consideramos que temos um footprint industrial muito bem distribuído, pronto para atender os nossos clientes nas diversas geografias”, complementou André Rodrigues.
Vantagem para cadeia de suprimentos
A presença em diferentes mercados também é uma vantagem para superar os desafios impostos pelos gargalos no suprimento. “O fato de a gente ter uma atuação industrial distribuída globalmente ajuda bastante nesse processo, porque nos ajuda a buscar diversos fornecedores em todas as geografias onde nós atuamos”, avalia Rodrigues.
Segundo ele, os temores em relação ao suprimento de transformadores foram contornados com contratos de longo prazo. “Não sentimos nenhum revés com relação a isso”, disse.
Geração solar é destaque
No primeiro trimestre de 2025, o segmento de geração, transmissão e distribuição de energia respondeu por 44% da receita operacional líquida da WEG. Dentro deste mercado, o destaque foi para equipamentos de geração solar, que mais do que dobrou em relação ao primeiro trimestre de 2024 e compensou com margem a redução de receita da linha de aerogeradores.
As encomendas para geração centralizada foram as que mais se destacaram no período, com um ritmo que deve se alongar pelo segundo trimestre do ano. Já para o segundo semestre, a WEG espera uma desaceleração no segmento solar, embora ainda haja possibilidade de entrada de novos projetos.
Como contraponto, a diretoria da WEG indicou que o negócio solar tem margens menores do que a média da empresa, e que a geração centralizada tende a ter margens mais apertadas do que a geração distribuída. Com isso, há um impacto nas margens da companhia.
Resultados
No primeiro trimestre de 2025, a WEG registrou lucro líquido de R$ 1,5 bilhão, com crescimento de 16,4% na comparação anual. O Ebitda (lucro antes dos juros, tributos, depreciação e amortização, na sigla em inglês) cresceu 22,8% em um ano, atingindo R$ 2,1 bilhão.
A receita operacional líquida do trimestre foi de R$ 10 bilhões, com avanço de 25,5% em relação ao mesmo período do ano anterior. Do total da receita operacional líquida, 56% foram provenientes do mercado interno – há um ano, a participação era de 51,5%.
Em relação às áreas de negócio, o segmento de geração, transmissão e distribuição de energia teve 44% de participação. Além da demanda solar, a WEG também destacou o desempenho do negócio de transmissão e distribuição de energia, com entregas de transformadores de grande porte e subestações para projetos ligados aos leilões de transmissão e projetos de redes de distribuição.
O negócio de equipamentos eletroeletrônicos industriais participou com 44,1% da receita operacional líquida. Motores comerciais e appliance teve participação de 8,1%, e tintas e vernizes, de 3,8% da receita operacional líquida.