Na Europa

Rede espanhola nega que excesso de renováveis seja causa do apagão 

Apagão - Crédito Paulo Pinto (Agência Brasil)
Apagão / Crédito: Paulo Pinto (Agência Brasil)

A presidente da Red Eléctrica, operadora espanhola de transmissão de energia, Beatriz Corredor, afirmou que as causas do apagão envolvendo o país, Portugal e partes da França seguem sendo investigadas. Em entrevista à rádio Cadena SER, a executiva negou que a causa do blecaute tenha sido causada pelo excesso de energia solar fotovoltaica e de renováveis no sistema.

“Em 16 de abril, por exemplo, as renováveis cobriram toda a demanda energética da Península Ibérica. Temos operado o sistema com alta inserção dessas fontes nos últimos anos de forma habitual e não ocorreu nada diferente no dia do apagão, o sistema espanhol opera com as medidas de segurança mais rigorosas de toda a Europa. O mix de renováveis é seguro e relacioná-las ao apagão não é correto”, destacou.

Beatriz Corredor ainda afirmou que as tecnologias já operam de forma “estável” e possuem sistemas que permitem uma operação semelhante ao de uma geração convencional, sem problemas de segurança.

“Não é um problema de quanta geração entra, porque já vimos condições mais extremas de entrada de renováveis. [Sobre um possível ciberataque], nossos sistemas são superprotegidos, à prova de ataques e vamos verificar se algo em nossos sistemas falhou e não foi possível detectar”, disse.

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Suspensão da importação

Inicialmente, é apontada que a interrupção no fornecimento de energia na Europa pode ter ocorrido devido a “oscilações de tensões na rede espanhola”. Segundo informações oficiais da concessionária portuguesa REN, a falha ocorreu durante a importação de energia elétrica da Espanha para Portugal.

Em entrevista à CNN Portugal nesta terça-feira, 29 de abril, João Faria Conceição, diretor da REN, informou que foram suspensas as importações de energia entre os países para garantir a estabilização completa do sistema. O executivo não informou o prazo da suspensão.

“Estamos trabalhando de uma forma centralizada, ou seja, os despachos nacionais estão nos atendendo. É preciso garantir a estabilização completa do sistema para regressar ao funcionamento normal dos mercados. A partir desse momento, podemos dizer que o sistema voltou, tanto técnica quanto economicamente, a operar completamente normal”, disse.

Questionado se o excesso de renováveis teria causado o apagão, o diretor considerou a ideia plausível, mas disse que é preciso verificar outras possibilidades.

“É prudente avaliar todas as possibilidades para termos números e documentos em mãos para não ficarmos a cega. Aparentemente, de acordo com as autoridades espanholas, um ataque cibernético foi descartado. Vamos nos concentrar no que exatamente aconteceu. As renováveis são seguras e tem um conjunto de características como a intermitências que podem ser mitigadas com tecnologias”, falou.

Ele destacou ainda que outras fontes de energia também têm preocupações, destacando a invasão da Rússia a Ucrânia e a suspensão do fornecimento de gás natural.

“O sistema português está restrito as centrais termelétricas de ciclo combinado a gás natural. Quando ocorreu a invasão na Ucrânia surgiu uma dúvida na Europa sobre o risco de abastecimento. Nós temos que olhar todas as vantagens e desvantagens das fontes”, destacou.