
As obras do Linhão do Tucuruí devem ficar prontas no fim deste ano, com 10 anos de atraso, conectando Roraima, único estado ainda isolado do Sistema Interligado Nacional (SIN). A TNE, concessionária da linha de transmissão, solicitou ao Ibama a licença de operação para o ativo.
Segundo Luiz Coimbra, diretor Financeiro da Alupar, sócia da TNE, as obras atingiram 84% de avanço físico no fim do primeiro trimestre de 2025. Em dezembro, o índice era de 70%.
A conexão de Roraima ao SIN vai representar uma melhora significativa na qualidade do fornecimento de energia elétrica do estado, além da redução de custo, já que hoje o estado conta com termelétricas caras, subsidiadas pela Conta de Consumo de Combustíveis (CCC). Desde fevereiro, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) autorizou a importação de até 15 MW da Venezuela para abastecimento da região, mas o preço é muito superior aos valores pagos antes de 2019, quando a ainda estatal Eletronorte conduzia a operação.
A linha de transmissão Manaus-Boa Vista foi licitada em 2011, arrematada pela TNE, que tinha como sócias Alupar, com 51% de participação, e Eletronorte, com 49%. O empreendimento deveria ter entrado em operação em 2015, mas sofreu problemas no licenciamento ambiental.
Entraves e atrasos no Linhão do Tucuruí
Em 2019, o governo do presidente Jair Bolsonaro rompeu a importação com a Venezuela e retomou as tratativas para obtenção das licenças necessárias para a obra da linha de transmissão, complexas já que o seu traçado passava por terras indígenas. Dos 715 quilômetros da linha de transmissão, 122 quilômetros passam pela Terra Indígena Waimiri Atroari, o que causou atrasos nas licenças ambientais.
A TNE chegou a pedir a rescisão do contrato na Justiça, mas em 2021 assinou um aditivo ao contrato de concessão, que ampliou o prazo de construção e a receita anual permitida (RAP) do empreendimento, e foi iniciada uma arbitragem para discutir o reequilíbrio econômico-financeiro da concessão. As obras foram retomadas em outubro de 2022, com prazo de 36 meses para conclusão.
A retomada aconteceu um mês depois de a Justiça homologar o acordo judicial entre a TNE, a Associação Comunidade Waimiri Aitroari, e a União, para encerrar ações que tentavam impedir as obras.
Novo acordo de acionistas
Em 2023, Alupar e Eletrobras assinaram um novo acordo de acionistas prevendo que a ex-estatal aumentasse gradualmente sua participação na concessionária. Atualmente, a Eletrobras tem 51% do ativo, com opção de compra do empreendimento após a entrada em operação.