A Auren Energia obteve aval para a revogação das outorgas de cinco eólicas, somando 159,6 MW, da fase dois do complexo Tucano, sob o argumento de inviabilidade após “desembolsos milionários para a sustentação dos projetos”. O pedido para a revogação foi aceito pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Localizadas nos municípios de Tucano e Biritinga, na Bahia, as eólicas foram adquiridas pela Auren no processo de incorporação com a AES Brasil. Depois da operação, a empresa realizou análises nos parques, com resultados que demonstraram a inviabilidade de implantação de alguns empreendimentos.
Conforme informações do processo, ficou constatado reduzido fator de capacidade nos projetos em relação aos demais, ponto decisivo para a Auren confirmar a “inviabilidade neste momento”. A disponibilidade das eólicas incorporadas pela empresa foi tema de teleconferência de resultados do primeiro trimestre deste ano, quando Fabio Zanfelice, CEO da empresa, havia destacado melhorias, principalmente nos complexos de Tucano e Cajuína, “que tiveram uma recuperação bastante forte na sua performance”.
A companhia ainda disse à Aneel considerou inúmeras ações e medidas, como o aporte de capital e a construção de subestação com equipamentos destinados ao escoamento de energia das usinas.
“Ainda que essas tenhamos envidado o máximo esforço para sua viabilidade, inclusive mantendo a conformidade de suas obrigações setoriais, com desembolsos milionários para a sustentação dos projetos. O reduzido fator de capacidade verificado para esses empreendimentos foi decisivo para confirmar essa inviabilidade”, disse a empresa à Aneel.
Encargos das eólicas
O processo na Aneel também destacou que os contratos de uso do sistema de transmissão (Cust) celebrados foram rescindidos a pedido, com efeitos a partir de 1º de abril de 2025, antes do fim do prazo de suas outorgas. Desta forma, os projetos das eólicas devem arcar com os encargos rescisórios previstos nos contratos celebrados.
Segundo a autarquia, ao celebrar os contratos, os acessantes reservam a disponibilidade do sistema de transmissão para si na proporção dos Montantes de Uso do Sistema de Transmissão (Must) contratados.
Outros argumentos da Auren
Em documento enviado à agência, a empresa citou a atual conjuntura do setor elétrico como um dos motivos para o pedido de revogação das eólicas.
Entre os argumentos, a Auren destacou a maior dificuldade de negociação de energia nos mercados livre e regulado, via leilões, em razão da sobreoferta e de outros modelos de negócios que têm se ampliado no setor, como a micro e minigeração distribuída, levando a impactos na concorrência, na demanda de energia e no desenvolvimento de novos projetos.
Os critérios e condições para a operação do sistema, que têm “oneração excessiva para a geração renovável variável”, por meio do curtailment, e a elevação do capex em decorrência do alto custo de equipamentos também foram considerados.
“Os equipamentos passaram a representar um percentual significativamente maior do investimento em projetos eólicos, o que tem sido danoso para a indústria como um todo. Também houve a elevação do imposto de importação para aerogeradores de 7,5 MW, não havendo limite a partir de 2025”, disse a empresa.
Sob a ótica do seu portfólio, a Auren destacou a sobreposição de projetos com estágio de maturidade semelhante, inviabilizando a construção simultânea ou em prazos mais curtos.