Todas as fontes capazes de oferecer potência instantânea, segurança e flexibilidade para a operação do Sistema Interligado Nacional (SIN) terão oportunidade de contratação nos próximos leilões realizados pelo governo.
“A gente vê essa disputa com relação ao leilão, mas o que enxergamos estruturalmente é que tem espaço para todo mundo”, disse Gentil Nogueira, secretário de Energia Elétrica do Ministério de Minas e Energia (MME), durante participação no Aquecimento do MinutoMega Talks, realizado nesta quarta-feira, 4 de junho, pela MegaWhat em Brasília.
Segundo o secretário, haverá necessidade de contratação de termelétricas a biodiesel, a gás natural, hidrelétricas, não apenas com instalação de máquinas em poços existentes e também na eficientização delas.
“Agora, eventualmente, com a mudança do marco legal ambiental, também haverá a retomada das obras de hidrelétricas, que são importantes para o país”, disse.
As baterias para armazenamento também terão oportunidade, inicialmente em caráter “experimental” no primeiro leilão. “Mas, já antevemos a necessidade de muita bateria no Brasil nos próximos anos, então acho que há espaço para todo mundo”.
O secretário reforçou que há necessidade de contratação de disponibilidade de potência para 2026, mas disse que não sabe a data em que a portaria com a abertura da consulta pública do leilão será publicada. Inicialmente, o certame seria no dia 27 de junho, mas foi cancelado há dois meses depois de intensa judicialização das regras, principalmente por agentes ligados às termelétricas.
“Do ponto de vista estrutural, em termos de governo, a gente tem plena ciência da necessidade de potência e da necessidade de realização da contratação para os anos vindouros”, disse Nogueira. No painel anterior, o diretor de Planejamento do ONS, Alexandre Zucarato, reiterou uma projeção que têm feito há algum tempo: o país precisará contratar pelo menos 3 GW em capacidade por ano.
Flexibilidade, potência, e ferramentas pela demanda
O crescimento da carga dos últimos anos ajuda a reforçar essa necessidade de crescimento da oferta. Segundo Gentil, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) está preparando um estudo para entregar com alguns indicadores de flexibilidade para o sistema nos próximos anos.
Outras ferramentas estão na mesa do Ministério de Minas e Energia (MME) para garantir o atendimento da carga, mesmo com toda a variação relacionada às mudanças do comportamento do consumidor e, principalmente, ao crescimento continuo das fontes de geração não despacháveis, incluindo a geração distribuída.
Segundo Gentil Nogueira, eficientizar a oferta existente será importante, assim como sinalizar ao consumidor regulado quais horários a energia é mais barata e quando é mais cara, o que será possível com a abertura de mercado prevista pela Medida Provisória (MP) 1.300.
“Eu tenho que ter tarifa horária e digitalização para que o consumidor possa programar a máquina de lavar para funcionar ao meio-dia, e não às seis da tarde, o que reduz minha necessidade de contratar potência”, completou.
Realizado em 4 de junho, em Brasília, o Aquecimento MinutoMega Talks é uma prévia do MinutoMega Talks, um spin off do podcast mais reconhecido do mercado energético. No dia 4 de setembro, Camila Maia e Natália Bezutti entrevistarão autoridades e CEOs em São Paulo.