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Para Eneva, GNL continuará necessário mesmo com novas fontes de gás

Aquecimento MinutoMega Talks
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A Eneva avalia que o gás natural liquefeito (GNL) continuará sendo importante para a matriz energética nacional, mesmo com a chegada de mais gás no mercado, para que a flexibilidade da geração térmica seja atendida.

“A oferta nacional vai aumentar, mas a natureza desse gás é firme, precisa de uso constante. Não casa muito com a necessidade do setor termelétrico”, disse o diretor de Marketing, Comercialização e Novos Negócios da Eneva, Marcelo Lopes, nesta quarta-feira, 4 de junho, durante o evento Aquecimento MinutoMega Talks, em Brasília.

Assim, o executivo avalia que o país continuará dependente do GNL importado, “a não ser que aumente muito a oferta de estocagem”, ponderou.

Para os próximos anos, o mercado brasileiro espera a entrada de gás novo, com o Projeto Raia, que deve produzir 16 milhões de m³ por dia a partir de 2028 na Bacia de Campos, e a operação do gasoduto Rota 3, com capacidade de exportar 18 milhões de m³ por dia do pré-sal. Na Bacia Sergipe-Alagoas, a Petrobras planeja instalar plataforma com capacidade de produção de até 12 milhões de m³ por dia.

Em relação à estocagem de gás, a Origem Energia e a Transportadora Associada de Gás (TAG) têm um projeto no Campo de Pilar, em Alagoas, com capacidade inicial para estocar 106 milhões de m³ por ano, com possibilidade de atingir 500 milhões de m³ por ano no longo prazo. A GBS Storage também desenvolve projeto de estocagem subterrânea de gás natural, no campo de Manati, na Bahia.

‘Copiamos os modelos errados’, diz Copel sobre o gás

A dependência de gás importado é uma questão que o Brasil não precisaria ter, na avaliação do vice-presidente de Estratégia, Novos Negócios e Transformação Digital da Copel, Diogo Mac Cord. “A gente chegou nesse problema porque a gente começou a olhar o que outros países, que têm outros problemas, estavam fazendo”, disse.

Na avaliação do executivo, o Brasil deveria se inspirar no Canadá que, assim como o Brasil, tem grande potencial hidráulico. “Até hoje, a fonte intermitente [eólica e solar] no Canadá é só 14%, e eles aumentaram a base hidráulica, repotenciando as usinas que eles têm”, descreveu.

Em vez disso, o Brasil aumentou sua matriz de eólicas e solares, com inspiração na Europa, “que não tem gás nenhum, nem hidroeletricidade”. A situação teria criado “um baita problema aqui, com quase 40% de fonte intermitente e caminhando para 50% em 2029, segundo o ONS”, disse o executivo.

“E aí qual é a solução? Olhar para os Estados Unidos. Eles não têm hidreletricidade. [E] eles têm gás barato pela revolução do shale [shale gás, o gás não convencional], que nós não temos. E a gente vai copiar de novo o que está sendo feito lá”, lamentou.

Realizado em 4 de junho, em Brasília, o Aquecimento MinutoMega Talks é uma prévia do MinutoMega Talks, um spin off do podcast mais reconhecido do mercado energético. No dia 4 de setembro, Camila Maia e Natália Bezutti entrevistarão autoridades e CEOs em São Paulo.