
As Secretarias de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil) e de Desenvolvimento Econômico (SDE) de São Paulo lançaram um aplicativo para conectar representantes da cadeia de suprimentos do biometano e interessados em desenvolver projetos de descarbonização.
O objetivo é permitir que empresas e gestores públicos encontrem parceiros e fornecedores para projetos de transição energética com uso do biometano. O combustível é uma das apostas de São Paulo para reduzir as emissões de gases do efeito estufa, dado que o estado é um dos principais produtores mundiais de cana-de-açúcar, cuja vinhaça é usada como matéria-prima para fabricação do biometano.
Segundo as secretarias, por meio da plataforma, diversos agentes do setor poderão se cadastrar, incluindo produtores de biometano, comercializadores, prestadores de serviços, fornecedores de equipamentos e até bancos que financiam esses projetos.
“O Conecta Biometano SP promete ser uma peça-chave na revolução energética de São Paulo. A iniciativa também está alinhada ao Plano Estadual de Energia 2050, que tem como meta zerar as emissões líquidas de gases de efeito estufa até 2050. Esse movimento reforça o compromisso do estado com o desenvolvimento sustentável e o apoio a projetos de economia circular, tanto em empresas quanto em municípios”, afirmou a secretária de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de São Paulo, Natália Resende.
O aplicativo também conta com apoio da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA), da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), da Associação Brasileira de Biogás (Abiogás), da Arranjo Produtivo Local do Álcool (Apla) e da União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica).
Oferta atual do estado
Segundo dados da Fiesp divulgados na última semana, atualmente, há sete plantas de biogás e biometano no setor sucroenergético no estado, das quais três estão em operação e quatro em implantação. Além disso, existem 146 plantas em São Paulo.
Ainda há 15 planta de biogás e biometano em aterros sanitários, com aproveitamento energético do biogás em operação, dentre os quais 38 apresentam capacidade mínima de geração de biometano.
Conforme cálculos divulgados pela entidade, as plantas em operação e em implantação têm uma produção estimada de 793 milhões Nm3 /ano de biogás, sendo 528 milhões Nm3 /ano aplicado na geração de energia elétrica e 265 milhões Nm3 /ano ao biometano.
Segundo o levantamento, 85% do volume de biogás é aproveitado nas plantas de aterros sanitários e 56% do biogás das usinas sucroenergéticas é aplicado, atualmente, na geração de energia elétrica.
Potencial do biocombustível
O estudo divulgado pela Fiesp mostra uma oferta potencial de 6,4 milhões de Nm³/dia de biometano no estado, volume que equivale a 32% do consumo atual de gás natural ou 24% do diesel utilizado no transporte.
A produção estimada viria de 181 plantas (sendo 84% do setor sucroenergético e 16% de aterros sanitários) e teria capacidade de mitigar até 16% das metas de descarbonização, gerando cerca de 20 mil empregos.
“O objetivo do estudo é alavancar o biometano, seja como alternativa ao gás natural fóssil ou ao diesel. Em relação ao gás natural, a viabilidade econômica é mais apertada, mas frente ao diesel, a vantagem é maior, tanto do ponto de vista econômico quanto ambiental. No entanto, o caminho é mais longo, especialmente por desafios como infraestrutura de abastecimento e a adesão ao uso de caminhões movidos a biometano”, destacou André Rebelo, diretor-executivo de Infraestrutura da Fiesp.