Geração

Baterias podem ser solução para Enel continuar investindo em geração

Eólica Aroeira, divulgação Enel Brasil
Eólica Aroeira, divulgação Enel Brasil

A Enel Green Power vê nos sistemas de armazenamento por baterias uma possibilidade para seguir fazendo investimentos em geração energia no país. A empresa tem mais de 5,8 GW de capacidade instalada em energia eólica e solar no Brasil, que é o terceiro maior mercado da empresa no segmento.

A empresa estuda instalar baterias em um dos seus parques na Bahia como forma de equacionar os investimentos diante dos cortes geração de energia (curtailment). Enquanto estuda o projeto, a empresa aguarda a regulação do tema, leilões e a redução dos impostos de importação

“Hoje é uma tecnologia muito barata, porque, obviamente, tem um mercado chinês que está puxando muito. Acreditamos que pode ser, efetivamente, a forma de seguir fazendo investimento no Brasil”, disse Bruno Riga, presidente da Enel Green Power durante cerimônia de inauguração do parque eólico Pedra Pintada, no último sábado, 7 de junho.

Para a viabilização da tecnologia no país, o executivo defende incentivos, como os empregados para expansão da geração renovável. Esses incentivos poderiam ser os ex-tarifários, que reduziriam os custos de taxas de importação e viabilizariam a entrada dos equipamentos no país.

O regime de ex-tarifário consiste na redução temporária da alíquota do imposto de importação de bens de capital, de informática e telecomunicação, para a concretização de investimentos no país a partir de políticas públicas para a indústria. O benefício tem carácter discricionário, sendo vedada a concessão caso haja produção nacional equivalente.

Bruno Riga disse que a empresa ainda não buscou o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) para tratar do tema porque está aguardando a regulação.

Leilão, regulação e baterias na Bahia

“A gente tem a esperança, dependendo também dos próximos leilões para desenvolver baterias. A gente quer ser pioneiro com você, governador [Jerônimo Rodrigues] aqui na Bahia. Queremos montar a primeira usina com baterias”.

Para o pioneirismo no estado, a empresa ainda espera que o leilão de reserva de capacidade na forma de potência (LRCap), que deve ficar para 2026, contemple a tecnologia.

“Uma vez que bateria está implementada, também se pode mudar o funcionamento da bateria para funcionar como elemento de flexibilidade no sistema. Isso é, o leilão, vai ter o efeito regulado de com a bateria funciona como recurso do sistema, mas também pode mudar o funcionamento técnico, já que economicamente o operador [da bateria] deveria ser remunerado pela disponibilidade”, completa Riga.

Mesmo com um quadro regulatório pouco avançado, o executivo acredita na evolução do tema, assim como ocorreu em outros países, e diz que a empresa trabalha para desenvolver sua carteira de projeto para o momento certo de implantação.

O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, contou sobre a sua viagem à China em maio, na comitiva do presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, quando viu empresas parceiras e concorrentes da Enel trabalharem para garantir grandes baterias pra armazenamento de energia.

“Se de um lado a produção precisa da transmissão, a outra frente é o armazenamento da energia”, listou Rodrigues como um desafio para o setor e que poderia ter impedido do “apagão” de 2023.

*A jornalista Natalia Bezutti viajou a convite da Enel