
Operando no Pará a maior refinaria de alumina em planta única do mundo, por meio da Alunorte, a Hydro espera aproveitar a COP30 para mostrar suas entregas. “Muito se fala de piloto, de projeção. Mas nós já temos entregas concretas, porque a gente tem essa preocupação desde 2022, vem antes de a COP ser definida para o Pará”, disse à MegaWhat o CEO da Norsk Hydro Brazil, Anderson Baranov.
A empresa já investiu R$ 8,8 bilhões em iniciativas de descarbonização no Brasil, em iniciativas como a substituição de óleo combustível por gás natural. Este projeto recebeu R$ 1,3 bilhão em investimentos para viabilizar a chegada do combustível à planta da empresa no município de Barcarena, e a Alunorte foi o primeiro consumidor da concessionária Gás do Pará, com uso de gás natural liquefeito (GNL) da New Fortress Energy (NFE).
Um ano após o início da substituição de carvão pelo gás natural em 13 de seus equipamentos, sendo seis caldeiras, a Alunorte conta ter evitado a emissão de 700 mil toneladas de CO2 na atmosfera.
Eletrificação e biomassa de açaí
Outra iniciativa é a substituição de carvão mineral pelo vapor em caldeiras, com uma redução nas emissões de até 550 mil toneladas de CO2 anualmente, segundo a Alunorte. A empresa já introduziu três caldeiras elétricas, sendo duas em 2024 e uma em 2022, em um investimento de R$ 360 milhões.
Para a operação desses equipamentos, a refinaria investe em parques de geração de energia renovável, como o complexo de energia solar de Mendubim, no Rio Grande do Norte, e o complexo eólico Ventos de São Zacarias, na divisa de Pernambuco e Piauí. A operação destes parques é feita pela Hydro Rein, braço de energia renovável da empresa.
A planta solar Mendubim tem capacidade instalada de 531 MW, e Ventos de São Zacarias tem capacidade instalada de 456 MW. A Alunorte consome mais de 50% da produção das usinas. No Brasil, a Hydro Rein também responde pela planta solar Boa Sorte, em Minas Gerais, que fornece energia para outra empresa da Hydro, a produtora de alumínio primário Albras.
Ainda há mais seis caldeiras a gás natural e outras três a carvão mineral, que gradualmente passam a usar biomassa de açaí como combustível no lugar do carvão. Segundo a empresa, foram utilizadas 13 mil toneladas de caroço de açaí em 2023, 70 mil toneladas em 2024 e está sendo projetada a utilização de 125 mil toneladas em 2025. Além de evitar o uso de carvão mineral, que é muito poluente, a inciativa promove uma destinação aos resíduos do açaí, solucionando uma questão da região paraense.
Segundo a empresa, a substituição é gradual porque o projeto está em fase de estudos, por meio de uma parceria com a Faculdade de Engenharia Mecânica da Universidade Federal do Pará (UFPA), com um investimento de R$ 500 mil. Neste ano, a refinaria dará início aos estudos para adaptar as caldeiras para funcionarem 100% a base de açaí.
Com estas iniciativas, a Alunorte estima uma redução de 35% nas emissões de CO2 da refinaria em 2025, o que equivale a cerca de 1,4 milhão de toneladas de emissões de carbono em relação à referência de emissões de 2017.
Mercado
A meta global da Hydro é diminuir suas emissões de carbono em 30% até 2030 e alcançar emissões líquidas zero (net-zero) na produção de alumínio até 2050 ou antes. Os objetivos também valem nos percentuais e prazos para o Brasil.
Segundo Anderson Baranov, a iniciativa também responde a uma demanda do mercado. “A gente entende que o mercado não vai mais aceitar mais produto que não tenha uma preocupação com a descarbonização. Os nossos clientes internacionais, automotivos, já exigem um produto com descarbonização”, disse.
O executivo conversou com a MegaWhat durante evento do Fórum Econômico Mundial realizado no Rio de Janeiro em 4 de junho.