Dez distribuidoras de energia representam 74% das perdas não técnicas de energia em 2024, originadas principalmente nos furtos (ligação clandestina, desvio direto da rede), fraudes (adulterações no medidor ou desvios), erros de leitura, medição e faturamento.
No período entre 2008 e 2024, as perdas não técnicas reais passaram de 26,2 TWh para 40,2 TWh. Os dados constam em relatório da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) com os níveis de perdas no mercado de distribuição brasileiro.
A Light, concessionária do Rio de Janeiro, e a Amazonas Energia, no Amazonas, são as primeiras colocadas no ranking, com 34,1% das perdas não técnicas de energia. Considerando a participação das perdas não técnicas nas tarifas residenciais em 2024, a Amazonas Energia aparece na primeira posição, com 12,9%, seguida pela Light (+9,1%) e Equatorial Amapá (8,2%).
Os “gatos” de energia estão associados à gestão da concessionária e às características socioeconômicas das áreas de concessão e representaram, no ano passado, um custo da ordem de R$ 10,3 bilhões.
Na outra ponta do ranking, das distribuidoras com os menores índices de perdas não técnicas, estão as distribuidoras Energisa Sergipe e Energisa MR.
Segundo a Aneel, as concessionárias de grande porte, cujo mercado é maior do que 700 GWh, são responsáveis por quase a totalidade dos montantes das perdas não técnicas no Brasil devido ao tamanho do mercado e à maior complexidade de se combater as perdas.
O consumidor regular arca parcialmente pela fraude ou furto de energia na sua tarifa, uma vez que a Aneel reconhece valores regulatórios eficientes, normalmente inferiores aos valores praticados pelas concessionárias de distribuição.
Combate ao furto de energia
A agência reguladora explica que o combate ao furto de energia é um desafio, sobretudo, diante dos grandes mercados brasileiros e da complexidade do serviço de distribuição. Por essa razão, estabelece limites regulatórios, a fim de incentivar as distribuidoras a reduzirem os percentuais de furto de energia ao longo dos anos.
O acompanhamento pela agência é feito mediante monitoramento da evolução das perdas reais frente às regulatórias. O mecanismo adotado está na fixação no nível de perdas durante um período predeterminado, de modo que a concessionária tenha o incentivo de redução para obter ganhos adicionais de receita ou reduzir os prejuízos decorrentes do não repasse integral das perdas.
A metodologia não estabelece penalidades para as concessionárias no caso de não atingimento dos percentuais regulatórios.
Perdas técnicas
As perdas técnicas variam conforme as características de carregamento e configuração das redes de cada área de concessão, sendo reconhecidas, nas tarifas pela Aneel, apenas os níveis eficientes, dadas as características do sistema de distribuição.
O custo aproximado das perdas técnicas, obtido pela multiplicação dos montantes pelo preço médio da energia nos processos tarifários em 2024, sem considerar tributos, foi de R$ 11,2 bilhões.
A distribuidoras da Equatorial, Pará e Amapá, apresentaram as maiores perdas técnicas no sistema em 2024, com 11,9% e 11,5%, respectivamente. Energisa Tocantins e Sulgipe, aparecem na sequência, com 11,5% e 11,2%.
Essas perdas, inerentes a qualquer sistema de distribuição, são calculadas pela ANEEL considerando a operação eficiente das redes e repassadas às tarifas. Dadas suas características, grandes reduções não são esperadas. Já o reconhecimento tarifário das perdas na rede básica totalizou aproximadamente R$ 1,5 bilhão nos processos tarifários de 2024.
O transporte da energia, seja na rede básica (sistema de transmissão) ou na distribuição, resulta inevitavelmente em perdas técnicas, pois parte da energia é dissipada no processo de transporte, transformação de tensão e medição em decorrência das leis da física.